sexta-feira, janeiro 28, 2005

rabiscos vividos

Embarque


Estou nú...
Nestes tempos este tem sido o veículo de minha nudez.
Estes escritos refletem, vontades, dores, encantos, desencantos e tudo mais que permeia minha vida.
Dentre tentavitas (que se fossem em folhas de papel e canetas seriam muitos rabiscos), a noites que se cravaram em meu corpo pela insônia e pelo passeio de meus dedos por este sujo teclado, aqui provo um pouco desta nudez.
Poemas, citações, textos, alguns meus. Outros de meus influenciadores.
Decidi dar-me uma chance.
Chance para provar da felicidade, da exposição e nudez.
E também da dor e da tristeza.
Caminho a passos firmes para meu norte, sei disso, mesmo com atravancos, sabotagens, digo próprias de minha pessoa, nada mais natural para quem conhece-me.
Sobrevivo e vivo cada dia de uma vez, sabendo para onde vou e melhor, sou reconhecido por ser isso que sou. Por errar, acertar...mas o melhor reconhecimento não são palavras, mas a mim vem de meu intímo do mais encravado em mim mesmo...de dar um chance a vida, a luta. A minha luta.
Chove
Gotas e mais tantas outras se misturam e descem escorregando pela força da gravidade. Diante de mim vejo o mundo nascer, e morrer. Vivo e morro junto com tais gotas, sou como elas, desço e subo horas adiante.
Não tenho medo, nem arrependimento. Tenho vontade e muita sede d'agua, mas muita mesmo.
A incapacidade é especulação,
o tédio, morte,
o enrijecer, vida,
a vontade, a chave.

Destranquem-se

Desembarque

segunda-feira, janeiro 24, 2005

A dor anunciasse na forma de amor

Embarque


Sono tão bem esperado e pouco sonhado.
Venho nestes últimos por intermédio desta página explicitando alegrias e angústias de um jovem de classe baixa paulistana, por meio de textos, poemas e tudo mais que tenho ao alcance de minhas mãos e que necessariamente tenha uma familiariadade com tais ferramentas.
Mas do que é que estou a falar, ou melhor, a escrever.
Esqueça
Mais fácil rasgar a flor de tanto cuidá-la, de tanto adubá-la, ela apodreceu.
Sono e cansaço, indiposição e a solidão.
Terra, água, fogo e ar.
Desarranjo, entendimento e supresa.
Eu quero entender. Linhas sem ordem alguma.
Crônicas de um amor louco e morto.
O sinos tocam, minha dor anunciasse na forma de amor.

amor...
amor sublime amor, que a todos sangra
numa hora ou n'outra
amor apodrecido amor, foge e se lança no mar de dor
amor desesperado amor, a respirar e a tanto sufocar de amar
suma amor! Deus da não-razão, da disposição e da vontade de vida.
Parta diante de mim e deixe apenas a lembrança da dor!
Amor sublime amor, que a mim sangra e escapa a mão alheia
Quimera da vida vivida, escolhida, amada, sujeita a intempéries do meu humor.
Afago-lhe, e de minhas cansadas mãos brota o adubo de seus sonhos
e de meus olhos, a morte que concretizará nossas vidas.
Rumo ao firmamento, amor.
Rumo a desgraça, miséria
Solidão, amor.
Amor sublime e exasperado amor
a rasgar nossos corpos dispostos por amor
e de amar e ser amado
tocar e ser tocado
fugir e ser rasgado
chorar e ser beijado
norteado, desnorteado... ilusão, interpretação. Significados.
fim.

Desembarque

canção, de Ginsberg

ALLEN GINSBERG

(1926-1997)


CANÇÃO



O peso do mundo

é o amor.

Sob o fardo

da solidão,

sob o fardo

da insatisfação



o peso

o peso que carregamos

é o amor.



Quem poderia negá-lo?

Em sonhos

nos toca

o corpo,

em pensamentos

constrói

um milagre,

na imaginação

aflige-se

até tornar-se

humano -

sai para fora do coração

ardendo de pureza -



pois o fardo da vida

é o amor,



mas nós carregamos o peso

cansados

e assim temos que descansar

nos braços do amor

finalmente

temos que descansar nos braços

do amor.



Nenhum descanso

sem amor,

nenhum sono

sem sonhos

de amor -

quer esteja eu louco ou frio,

obcecado por anjos

ou por máquinas

o último desejo

é o amor

- não pode ser amargo

não pode ser negado

não pode ser contido

quando negado:

o peso é demasiado

deve dar-se
sem nada de volta

assim como o pensamento

é dado

na solidão

em toda a excelência

do seu excesso.



Os corpos quentes

brilham juntos

na escuridão,

a mão se move

para o centro

da carne,

a pele treme

na felicidade

e a alma sobe

feliz até o olho -



sim, sim,

é isso que

eu queria,

eu sempre quis,

eu sempre quis

voltar

ao corpo

em que nasci.

sábado, janeiro 22, 2005

mestre cuca da vida

Embarque

Cebola, Alho, molho de tomate, soja, arroz.
Euforia, decepção, cansaço, impossibilidade.
Forno, fogão, relógio, al dente, temperatura.
Gastura, dor, sujeição, resignação, calor.
Barba, óculos, olhos, mãos, hálito, saliva.
Queimadura, textura, limão, rádio, tempo.

Pegue duas cebolas e as descasque junto com alguns dentes de alho.
Mergulhe ambos num pouco de água para desprender as cascas e não fazer chorar tanto. Já basta de lágrimas.
O saco de soja espera ser aberto, o faça e jogue uma boa quantidade numa vasilha com água quente e sal. Para dar um gosto salgado já antes do tempero, encorpar.
Algumas cervejas no ato, vão muito bem.
Depeche Mode também.
Jogar as cebola, alho picado na panela com óleo quente e deixar fritar um pouco, seguidamente jogar o molho de tomate e um pouco de leite para livrar da acidez que poderia eventualmente vir a luz. Deixe ferver e jogue a soja, misture prove e sirva.
Com arroz vai muito bem.

Aqui um retrato do dia de hoje. Ontem brigas, discussões e insubordinações.
Hoje paz, sossego, sono, travesseiro quente. Banho tomado, perfume e lençóis.

Mestre cuca da vida....ah esqueci das azeitonas

Desembarque

quinta-feira, janeiro 20, 2005

doce e salgado

Embarque


Intercalar sensações é difícil e controlar o peso de certas situações requer uma capacidade imensa, e força de vontade para anular certos pensamentos que circulam por todos nós.
Sou falho, n'algumas destas não obtenho o êxito tão esperado por mim mesmo, e quando a tempestade vem, sou um dos primeiros a cair.
Ao contrário do que poderiam dizer, me levanto rápido.

Quem me disse que o tempo passou?
A ultima taça de vinho barato foi tomado,
e degustado por horas como uma rosa,
gorfado após o sonho de nossos corpos em brasa.

Como saber se o tempo passou?
Senti o caminhar das últimas gotas,
e daquela taça vi meu desenho
traçado a lágrimas no vidro que quebrei

E se ele passou mesmo?
Aceito e passo a frente a taça
Sinto nela um gosto amargo
É de mim mesmo, da minha saliva.

Queira corporificar o tempo
Vai, caminha, vença
A taça já se quebrou e me sangrou
dela não sobra mais nada.

A euforia me segue e precedida de caídas num abismo,
cravo meus dedos nas rochas sem conseguir segurar
dentre a unha e a carne, a carne da terra se deposita
e entre minha vida,
o feito e o imaginado,
a possibilidade e impossibilidade,
alegria e tristeza,
incompletude e completude,
rosas e merda,
inverno e verão,
doce e salgado,


Desembarque

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Segurar o grito que explode minhas entranhas.

Embarque


Eu esqueci de ter de esquecê-la,
e lembrei de ter tido a condição de ser a dor,
e de ter sido o fardo espinhoso que a fiz carregar.
Eu vi o mundo nos seus olhos. A dor

A indisposição me faz deitado sempre,
e engole o ânimo de abrir os olhos,
onde voçê estava quando eu me afoguei,
e por todo tempo que lá estive eu chorei.

O medo é a minha cruz,
que me rasga a todo momento,
e fico a voar pelos paisagens passadas.
Eu quebrei os vidros e os espelhos da minha vida.

Quando me lembrei de ter de esquecê-la,
era já muito tarde e minha garganta doía
subi a montanha mais alta
a tentar de lá voar.

O grito que dou a ninguém toca
O vomito que escorre de minha boca tem gosto de sangue
e a ninguém sufoca, só a mim mesmo.
Meu sangue chapisca o caminho da vida

A poeira se espraia por todos os lugares
e vemos o tempo passar e as coisas a se acomodarem.
Mas eu queria fugir, e nem isso posso.
Desembanho o sabre que é a minha vitória.

O fim

Suplantar, lutar, viver, sofrer, chorar, vencer, sucesso, regressão, impostor, fracasso, fuga, sangue, vomito, cuspe, saliva, cheiro, textura, amor, respostas, perguntas, caminhos, dor.

Segurar o grito que explode minhas entranhas.


Desembarque

domingo, janeiro 16, 2005

Cegueira

Embarque


A quanto tempo o tempo passa e as coisas mais e mais se complicam, e quando penso estar resolvendo, ou tentando estrair a certeza, na cara com a porta me dou.
Sinceramente tentar fugir do cárcere das próprias situações mal-resolvidas requer um certo tipo de tato que não tive.
Vivo sob o jugo da concreticidade, e a busca por todos os lugares mesmo levando a mim mesmo a mais incerteza e solidão.
Não fujo, não me submeto mais a minha própria sabotagem, eu só quero o certo. O visto, nós vesmos, mas me segure por alguns minutos e mostre-me que a segurança não apenas provém de mim mesmo. Mas sim de uma situação.
Só queria um pouco de colo, e que me falassem docemente à meus ouvidos que estava errado, e que tudo caminharia.
Mas esperar pelo que? Se mesmo assim estaria a outros inserindo um ritmo que não seria o dito "natural" a ser imprimido.
Eu sou rápido demais e quero rápido demais. O movimento não sendo reconhecido por mim é cegueira
Eu sou cego!

Desembarque

domingo, janeiro 02, 2005

Ah ! A Angústia, A Raiva Vil, o Desespero

Ah ! A Angústia, A Raiva Vil, o Desespero

AH! A ANGÚSTIA, a raiva vil, o desespero
De não poder confessar
Num tom de grito, num último grito austero
Meu coração a sangrar!
Falo, e as palavras que digo são um som Sofro, e sou eu.
Ah! Arrancar à música o segredo do tom
Do grito seu!

Ah! Fúria de a dor nem ter sorte em gritar,
De o grito não ter
Alcance maior que o silêncio, que volta, do ar
Na noite sem ser!


Fernando Pessoa

sábado, janeiro 01, 2005

Abro a geladeira, milhões de anos num condensado contraste de temperatura.

Embarque

Os momentos mais engraçados de nossas vidas, sinto eu, que são os que mais nos colocam(os) como os bobos da corte. Numa disposição que os olhares as falas, ou seja, todo o movimento da vida caçoe de nossas faces e vidas.
Posturas, interpretações.
Provavelmente, se ceifamos a muito custo a cabeça dos deuses, da utopia, do sonho, penso que elevamos a suprema arrogancia ao mesmo suporte alto com que d'antes esses mesmos deuses estavam dispostos. Compreender e captar esse movimento dói, até porque nada está incólume a dor. Absolutamente nada vivo está ausente dessa prerrogativa.
A dor.
Não há mais nada a ser feito, sinta a brisa que passa e a contemple de forma que nada mais está sob seu controle, brincamos com a vida e voltas ela dá, passeia pelos perímetros não navegáveis e assim delimita novas possibilidades. Aí sim ceifando a vida a todo momento e por assim dizer pessoas, atos, posturas.
Abro a geladeira, milhões de anos num condensado contraste de temperatura. Vidas foram dizimadas, mas eu tenho a possibilidade de ser Deus e tão arrogante quanto o mesmo, eu dissimulo, volteio sobre sua face a iluminar as idiotices de sua vida medíocre...E assim todos riem com seus estomagos gordos, e suas mentes como sempre a planejar armadilhas, fugazes e efemêras. Quando menos perceber BUM!
Caiu e não reclame e nem ao menos tente argumentar...lembra-se Deus foi morto e no seu lugar está as palavras, só que manipuladas de jeito tal a rasgar o corpo e as mentes, a sangrar e jorrando como lava quente que verte de uma fêmea, são estocadas em seu estomago.
Eu vivo e sofro por isso, sofro por amar, sofro por ter amado.
Os diálogos soltos de boca a boca, reivindicará o fim deste que vos fala e direcionará segundo a tantos outros parâmetros o Deus palavra organizada de tal forma a fazer chorar e a sangrar...pois é seja bem vindo, é este o mundo a ser vivído e a degladiarmos com todos os nossos corações de "a a z"

Desembarque