sábado, janeiro 26, 2008

Homem Médio

Embarque


A solução para o confinamento dos nossos devaneios pode ser a total entrega aos desejos mais profundos que ali estão enterrados em nossa consciência. A arte de burlar nossos desejos foi consolidada a partir de anos pelos nossos antepassados. Asnos que somos, não enxergamos um palmo além de nossos narizes.
O ínfimo sustentáculo consolidado nos atuais dias nos faz rumar ao fosso da desesperança e da própria comiseração e pobreza. Ao sustentar a mentira conseguimos esconder nossas consciências.
O produto da minha geração é a falta de perspectiva e de transparência nos atos e nas vontades, essa geração de autômatos ruma direto com rapidez ao fosso do nada, e sem consciência de que vão a passos largos dinamitando as possibilidades de construção de seres mais vivos e pulsantes. Um balaio de incertezas e inconsistência se faz representar na atual geração de pessoas que mais se solidarizam com a possibilidade de se inscrevem e fazerem parte dos dentes dessa engrenagem imbecil e sem sentido. De qualquer forma, me parece que as coisas sempre foram assim. Uns correm de um lado a outro da cidade à procura de algo que nem mesmo sabem. Exercito de idiotas com fome e sede pelo mesmo que já sabem, ou melhor, que nascem, a saber, que já são pobres de espírito. O mesmo cortejo triste de animais que mal enxergam seus vícios e caminhos. Passam de um lado a outro da esfera sem darem conta dos gastos da vida.
Esperar o que de nós? Poderia perguntar alguém saído do passado distante, ou mesmo do futuro.
A esperança é o desejo de um banco de madeira que recebe nossas bundas sujas de merda de tanto que produzimos esterco mal cheiroso. Conseguimos num passe de mágica construir um castelo de opressão e violência. Esperar o que de nós, a não ser mentira, vilania, inconsciência, pobreza, miséria e fartura de lágrimas. A cada litro de lágrimas produzidas por nossos semelhantes, observamos o choro dos crocodilos que não mentem tão bem quanto nossa espécie mequetrefe e sem sentido.
A atualidade é um misto de vomito recém saído de nossas gargantas somadas à ruminação eterna de nossas dores mais profundas.
Vejamos o homem médio. Suas preocupações atuais são mais parecidas com as de um ser anômalo sem sentido ou direção. Ao passear de ônibus, visualizo a tentativa de demonstração de status através da simples aquisição de um bem de consumo idiota. Celulares com milhares de funções, câmeras de fotografia com flashs supersônicos que disparam a cada flatulência, relógios que pregam seus donos na racionalidade, tênis de astronauta com possibilidade de inflar contra as intempéries da vida na cidade, óculos que cegam, roupas que amortizam a vida, calças com desenhos enganadores pela industria têxtil, enfim, essa nossa geração é a atualidade do lixo que o homem se tornou.
Fazer o que nesse momento, a não ser observar o desfile desbundoso de mulheres sem sal e sem tempero, e homens com a personalidade um biscoito deixado meses atrás no armário.
Como disse linhas atrás, a esperança é um banco de madeira que possa receber minha magra bunda a fim de que eu possa pacientemente assistir o movimento sem sentido desses seres desencarnados em vida.



Desembarque

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Planeta do Ridículo


Embarque

Um dos males da humanidade é a super estimação da bondade. Ninguém é bom. Todos nós somos a exata soma do reino animal transformado em arte por um Deus qualquer. A origem de nossa espécie se pauta no intermitente e sofrível governo do mais forte e do mais capacitado sobre o mais fraco. Sempre foi assim e me parece que assim sempre será. Nos resta observar o tombar diário de nossos anseios mentirosos por justiça e paz. Somos a espécie mais suja e vil que esse pedaço de rocha já pode conceber. Consentimos com a pobreza alheia e de um passe de mágica esperamos a mudança tombar sobre nossas cabeças como se víssemos um clarão de luz a nos direcionar. Um macaco em estado de morte é mais franco que essa sujeira que somos. Os desmandos de nossos semelhantes mais parecem a construção de um reino de asneiras à procura de uma resposta lógica a esse estado de coisas.
Ontem fomos as caças, formamos hoje exércitos e nos transformamos em caçadores em potencial a aniquilar qualquer força que nos oponham, e nos gratificamos por isso. Ficamos gratos por vivermos em sociedade, em grupo conseguimos o que grupo nenhum de espécie alguma conseguiu. A construção do reino de idiotas e imbecis. Uma espécie de mistura de mentirosos, corruptíveis, estupradores, vagabundos e falsos. O reino dos interesses dos poderosos nos chama atenção, nos oprime a querer o que eles têm. A contínua caça consolida a violência em forma de socialização forçada. Incrível não sentirem nojo disso tudo. A gama de políticos filhos da puta que tem pra si a possibilidade de vociferar seus pontos de vistas poderia ser resumida numa algazarra numa jaula de macacos retardados.
O homem conseguiu. Basta ver a quantidade de explicações pelo ardor numa luta externa. Todos gritam por eles, todos querem ser eles, mas não largam o osso de suas fraquezas. Uma espécie em fim de linha é o que somos. Pior ainda, é que continuamos a perpetuar a lógica da bondade. Seja a igreja, os governos, as casas de massagem, os partidos políticos, a elite, os despossuídos, os livreiros, os vendedores de cachorro-quente, os flanelinhas, as socialites, os enfermos, os boêmios, os analistas de sistemas, os escritores, os extremistas radicais de direita e de esquerda, os filósofos, os intelectuais enfim, a tal da coletividade que vive nessa pocilga imunda de cidade. Todos mentirosos, a fazerem univocamente votos de pobreza, ou em alguns casos, dores de consciência, gozam da mentira e adornam suas frases de efeito com simbologias sem sentido que nem aos vermes que vivem em seus estômagos enganam.
Milhares de páginas de livros, compêndios escritos ao motor da mentira. Grandes manuais de como gostar e gozar da cara alheia. Preocupações todos têm. Problemas? Alguns mais que outros. Soluções? O planeta do ridículo se diz solucionar todos os males.

Desembarque

Engrenagem Humana

Embarque

Quando fui descendo do ônibus pude observar o trajeto que faria da minha vida a partir das transformações que a mim vinham sendo desenvolvidas. Eu não era mais o mesmo.Tentaria me livrar do passado a busca do futuro.
Dessa forma iniciou-se o trajeto das minhas lamentações pelo vasto mundo. Ao deixar minhas memórias soltas, pude verificar que recortei tudo a fim de alcançar um certo sentimento de paz interno e duradouro. Obviamente não alcancei tal objetivo, e não seria nem pelo fato da própria manipulação das minhas memórias, mas sim, por diversas outras questões que chamariam minha atenção no decorrer do trajeto deste pelos lugares. Nossa atenção é uma coisa engraçada, ontem me peguei observando o bailar de uma garota pela rua. Via um belo traseiro desfilando acintosamente no arruamento, e transformava a rua numa espécie de ponte movediça, que se move ao suave toque de seus pés no chão obrigando necessariamente o bailar de suas ancas. Ela bailava de um lado a outro da calçada e eu observava o seu dançar de forma que tudo balançava ao nosso redor devido ao poder destruidor de suas ancas, ou seria de seu bailar? Bem, deixaremos essas minúcias para outro lado. Ao movimentar-me no mesmo molejo da garota a ereção me pegou desprevenido, só que eu mais parecia estar tão enfiado naquela bunda que uma ereção naquele momento não me tiraria atenção daquelas formas arredondadas e macias.
Se houvesse a possibilidade de viver numa anca, eu viveria. Mas sem dúvidas. Sentir o suor escorrer pela maciez de uma grande bunda, pertencer a aquele lugar, desfrutar de todas as benesses de uma vida regada a suores e odor de merda. Uma delícia praticamente. Sentir as formas dos sulcos diariamente, pertencer ao mundo das curvas, das ascendentes e das descendentes.
Referindo-me a prática do manuseio de uma bela anca, me lembro que dias atrás ao manusear aquela linda porção de carne, eu pude ver suas formas serem ocupadas pelas minhas mãos. E deixei estacionada minha mão naquela grande e robusta sacola de carne até que eu me cansasse de tal atividade. Observei as formas se transformarem através do contato de minha boca com a superfície tenra da daquela área, percebi que tinha ficado arrepiada de acordo com o manuseio do maquinário. Mexer num corpo feminino é como observar o movimento de um motor de carro e arrumá-lo, caso de alguma emergência, de preferência aquele ajuste que necessariamente você terá de enfiar a mão. Não digo desses novos espécimes com motores, que mais parecem naves espaciais quando abrimos o capô do carro. Eu falo de enfiar a mão no motor e mexê-lo de cima a abaixo, redirecionar suas peças e suas engrenagens de modo a sair com mão suja de graxa viscosa.
Devemos enfiar a mão com gosto e perceber os dentes da engrenagem, a localização dos parafusos e porcas. Ao besuntar com mais graxa a engrenagens devemos movimentá-las de forma a ligar o motor e escutar o relichar do motor e esperá-lo esquentar.

Desembarque
Embarque

Como uma idéia brota de nossa massa cinzenta? É essa pergunta que me norteia nessa construção.
Diariamente eu sonho em acordar, abrir os olhos, tomar um bom café, fumar um cigarro e sentar nessa pobre cadeira dura e me fazer de um rio em torrentes caudalosas vazando letras, palavras e sentenças certeiras que atiram chumbo quente no meu coração e no resto do mundo.
Hoje tentei ser mais racional, escolhi um assunto fértil que poderia permear um bom texto. Pensei numa boa argumentação e fiquei deitado na cama por volta de uns quarenta minutos pensando no tipo de discurso que eu iria fazer. Os carros buzinavam e cintilavam suas cores no teto do quarto, meu estomago resmungava e gritava sempre a cada vez que prendia minha atenção nele, meus olhos ainda sujos de lágrimas derramadas pelo sono, um gosto de obsoleto na boca e assim por diante eu ficava deitado observando e arquitetando as diversas formas que eu deveria usar para chegar à constatação que um dia eu teria a possibilidade de me ouvir sem parecer que soou um outro sujeito que escreve, e por isso, ao não me reconhecer descarto rapidamente tal escrito.
Bem! Que seja! Levantei-me fui ao banheiro. Mijei e meus pés agora eram alvos de minha atenção. As unhas estavam grandes e sem formas de unhas. As veias de meus pés tinham saltado e mais parecia que eu estava suturando algo corte no pé, o calcanhar duro e áspero (daria para lixar um Ford landau). Em seguida minha atenção se prendeu as pernas e assim por diante até chegar no rosto.
Quando observei meus olhos, tive dó. Já estavam cansados, novamente eu estava a olhar para mim por falta de ter um assunto descente a desenvolver. Claro que falar da minha carcaça que se arrasta de um lado a outro é assunto demasiado interessante, mas não sei. Queria outra coisa neste exato momento. Uma outra visão, paisagem, um outro lugar para que eu pudesse me prender e observar cada contorno, e então assim, quem sabe, melhor me expressar.
Fico elencando inúmeros assuntos com as mais obtusas abordagens que possa existir, mas quando me sento nesta cadeira, o que mais penso é como deveria soar bom, mas tão bom para mim mesmo. Como poderia controlar o desenvolvimento de um texto, (ou melhor, meu texto) com uma desenvoltura e liberdade que me deixasse um pouco mais satisfeito. Escrever é um ato de diversos níveis. Há aqueles que são gênios.
Não sei porque cargas d´água esses (gênios) nasceram com o dom mágico da generosidade na concepção de todos os detalhes de um tal contexto. Conseguem exprimir tudo, mais parece que a experiência da realidade pode ser vista em todos os ângulos, por diversas situações.
Há a espécie dos pré-genios. Esses são aqueles que você nunca os leu, e possivelmente não os lerá em vida. Todos falam deles, não são clássicos, mas é aquele tipo de escritor meio burocrata na tarefa árdua da escrita. Pode-se ler um dois ou três parágrafos que já se resumi todas as capacidades do sujeitos. De qualquer maneira, conseguem editoras vão a coquetéis e demais eventos comemorativos de tapinhas nas costas. Esses são sortudos, não são os azes das coisas, mas se viram. Diferentemente de mim (esse falaremos mais adiante).
A classe dos picaretas é composta pelos próprios picaretas. Sujeitos desprovidos de vergonha na cara que vão a portas de estabelecimentos reconhecidamente artísticos e mendigam alguns trocados pela sua arte. Esses escrevem em qualquer lugar, são os chamados patologicamente artistas não reconhecidos. Os seus méritos podem ser descritos pelos outros mais que do que pelos próprios indivíduos. Um termômetro interessante sobre essa categoria é a vergonha alheia. Quanto mais vergonha alheia você sentir por um sujeito desse, mais esse sujeito estará desvelando sua arte pela cidade. Esse sim se acha um vencedor, se bem que ele dá cara à tapa, enfim...Sobra a categoria dos arqueólogos preguiçosos.
O mérito desse, me incluo nesse quinhão, é a modéstia preguiçosa, tudo o que os sujeitos dessa categoria escrevem é um porcaria. São arranjos de algumas boas frases com a produção do desconexo em série. Como somos preguiçosos são tomamos o labor da escrita com grande entusiasmo, em algumas vezes sim, mas na maioria ficamos a observar o vai e vem das idéias e depois achamos recortá-los tão bem, que erramos no escavamento. O mérito, voltando a falar do mérito, é a preguiça por uma cobrança interna pelo reconhecimento do “mundo artístico” até se tem vontade, mas sabendo das possibilidades de um país modernizado à força e guela abaixo, a leitura nunca será um objeto relevante à coletividade. E ficamos num bate papo de cego surdo e mudo, uma conversinha vazia a procura dos objetos que estão ao nosso redor e por fim, sentamos numa cadeira dura depois do sono com um cigarro à mão a brincar de escritor genioso não reconhecido que vende suas argumentações na porta de cinemas freqüentados pela composição mediana de poder aquisitivo com um pouco de preguiça.


Desembarque

domingo, janeiro 06, 2008

Eu não vou reler essa porcaria!

Embarque

Eu fingia estar satisfeito com o andamento da minha vida, me refiro a anos atrás. Não que hoje esteja totalmente feliz, mas anos atrás eu tinha a preocupação com os estudos, diversas responsabilidades das quais eu não poderia falhar com nenhuma delas, nenhuma mesmo.
Arquitetava minha passagem da classe dos acéfalos para a classe dos possuidores de tato, refinamento, critérios. Enfim, uma série de novas experiências me aguardavam na passagem dos anos.
Essas coisas são engraçadas, num momento besta da sua vida nós podemos perceber que definitivamente mudamos de uma coisa à outra. As responsabilidades continuam ali. Intactas! Se bem que até mesmo essas mudam de uma coisa à outra. Mas os critérios são largos, e para se ter critérios é necessário ter refinamento, sofisticação. Bem, seja lá o que for a coisa é o seguinte. Nós, todos nós mudamos. E podemos perceber isso pelas novas responsabilidades que adquirimos nas coisas mais fúteis do dia-a-dia.
Eu, por exemplo. Ontem ao ir dormir deixei a porta aberta e o telefone acima da cômoda à espera do soar pela manhã. E como num passe de mágica, ele não tocou. Se bem que poderia ter tocado muito cedo, mas o mais engraçado é que ele não tocou e nem por isso saí direto ao banheiro para olhar meus olhos.
O que nos faz mudar? Certamente novos contextos, mas num sentido mais humano e individual, o que me forçou a mudar alguns hábitos no decorrer desses anos? Alguns de bate e pronto, diriam. – A dor! Outros, entretanto, diriam – A política! E terceiros assoviariam alguma outra coisa, isso deixo a cargo de vocês, caros leitores.
De qualquer forma, sempre estamos observando nossos atos e posturas, e, sobretudo, pensando sobre o que eles podem significar deslocados num determinado momento. Medo.
Pois um ato falho numa tal situação, ou melhor, um posicionamento passado, num contexto presente nos faz ficar rubro e/ou dar voltas em milhares de explicações, enfim, uma série de divagações sem um tantinho assim de verdade. A mesma enrolação do passado agora com um pano de refinamento medíocre mergulhado em certos “academissismos” pueris e pobres. Fico me perguntando quando, mas quando escreverei uma linha se quer, mas uma única linha que eu possa dizer a mim mesmo. – Isso aqui sou eu!
Vejo um sem número de idiotas transitando de um lado à outro evocando um romantismo servil e entregue. Uma ode à natureza morta, um tal de troca de palavras a fim de nada! A fim de mais e mais troca de abraços e conversas forçosamente despretensiosas em mesas de bar acinzentadas por quilos de cigarros engolidos minuto a minuto.
Mas como de início, o que nos faz mudar. Eu cheguei a uma conclusão na altura dos meus 29 anos. Já fui muito contemporizador, mediando as situações com preocupações mil, em sair tudo lindo, trabalhado, correto. Várias são as situações que não fui eu. Mudei, mas mudei pelo contexto que empregava certa aceitação de um determinado status de situação. E quando tentava me soltar, me danava todo.
Mas digamos que tudo fosse jogado ao ventilador. Digamos que as papas na língua fossem esquecidas. Alguns ouviriam sentenças desagradáveis. Digamos que no passado, e ao olhar a ele, eu tivesse sido mais inconseqüente. O que seria de mim hoje? Melhor? Pior? Diferente? Ainda pulsante?
Mais ácido sim, mais eu quem sabe? Menos humano? Menos carinhoso e menos Alessandro? Será?
Quando me recordo de certas passagens que observei me resguardo o direito da autocrítica. Como pude, tendo uma certa rede que filtra seres indesejados, deixar que alguns seres sujos e rastejantes trocassem ao menos olhares comigo. Se bem que me diriam alguns -É o maldito contexto.
Mas dá uma certa raiva. Uma alta dose de raiva, digamos assim.
E se levarmos em consideração que as táticas dos outros também levam em consideração suas fraquezas. Para ser franco e aberto, isso tudo é um monte de bosta. Pra variar essa é a coisa mais fácil de ser dita.
Para mim atualmente, alguns contextos passados estão definitivamente enterrados, se bem que...Talvez, estejam ainda sobrando algumas pás de areia e cal para enfim, deixar essas picuinhas no passado.
Se eu subir o cursor até a primeira linha, já sei que o que estou escrevendo aqui nada tem a ver com as linhas iniciais desse texto.
Num pano de pretensão e superstição consigo mesmo alguns acham que estão desfilando sua mediocridade num filme, ou melhor, numa película passada em certos anos. Mas o que acho melhor nisso tudo é a falta de capacidade de ser alguém com punhos cerrados a fim de ir à frente no ringue de luta. Aplicam um tal blasé muito comum nas grandes cidades, ficam num farfalhar de palavras vazias e sem sentido.
Meus amigos costumam dizer que sou um tanto seletivo demais para não dizer, que sou extremamente fechado. Vá lá. Posso até ser um tanto fechado, mas uma coisa é certa e o passado me pregou tal obra.
Quem tiver que ser, que se faça por onde. Não me venham com meias palavras e um tanto de sorrisinhos. Alguns que eu nem mais vejo costumam me ver na rua. Dirige-se (alguns) a mim como se fosse uma grande tarefa a ser feita. Um gorfo de meias verdades e uma produção salivar de deixar qualquer babão de queixo caído.
Fracos são os que deixam ser corrompidos pelas mesmas ladainhas de sempre, o mesmo cheiro fétido de palavras jogadas aos ventos ao sabor dos contextos.
Agora eu vos pergunto, que bosta de contexto e como este nos cinge a necessidade de mudança?
De algumas coisas que aprendi nesses meus 29 anos, uma delas é manter a raiva. Ela é força criadora e em certa medida faz com que eu retorne às minhas memórias. Essas que nos demonstram que no passado, lá atrás, eu não deixaria as coisas correr por esses caminhos.
Será que já percebeu ser, em algum dia, um ser humano medíocre? Uma tal organização de órgãos podres com uma cabeça mais podre ainda e um olhar de peixe morto?
Mas é claro que não, pois afinal de contas, sei bem, que quando nos olhamos nos espelhos lembramos de nossas mães nos dizendo o quão lindo e perfeito somos, que nenhuma defeito nos foi deixado, e que, no futuro tereis o mundo a seus pés. Mentira!

Eu não vou reler essa porcaria.

“É um fato comprovado que os intelectuais mais transcedentes se tornam muitas vezes violentamente agressivos quando discutem a necessidade de suprimir a agressão. O fato não surpreende. Para dizer as coisas de maneira delicada, nós atravessamos uma grande confusão, e é muito possível que no fim deste século tenhamos acabado por nos exterminar completamente...
...Só um indivíduo verdadeiramente agressivo pode fitar os olhos dos outros durante algum tempo.“

Desembarque