terça-feira, janeiro 31, 2006

rochedo

Embarque


Nos momentos críticos de minha vida o desespero sempre pareceu ser a porta mais saudável a ser usada, sabia que não sairia ileso de coisa alguma, mas me refugiava no próprio silêncio e no escuro que meu quarto proporcionava e ali ficava deitado sempre. Fraco que era, e não digo que sou forte, ficava escondido da vida apenas observando o correr das lágrimas pelo meu rosto. Nestes momentos nada podia inflar meu peito e dizer que eu podia ser feliz, nada mesmo, e além disso sentia uma tal fuga de mim mesmo. Um enorme vazio, um tal de sem porque se estacionava no tronco central de meu corpo e não conseguia respirar direito. Engolia doses e doses de algum destilado que me golpeasse e eu caísse no ringue de minha cama a não mais levantar por algumas horas.
Dias se passavam e ficava ali escondido, bebendo dos meus demônios e suando de raiva por responder assim à vida.
Engraçado como o amor nos fornece um zilhão de possibilidades mas quando a outra porção de amor sumia do horizonte como sós ficávamos a bebericar fortes doses de tristeza e isso ia secando a coisa dentro de si...Ou não.
É difícil falar de tudo isso e sentir tudo isso.
Não consigo olhar ao passado e Ter uma boa visão das minhas fugas, sempre fui fraco e mentiroso comigo mesmo, rogava que o que fazia naquela situação fosse estancar o rio de sangue que corria do meu peito, e não digo uma coisa subjetiva cagalhona, eu digo que escorria litros e litros de meu sangue eu os via quando me olhava ao espelho com receio de não conhecer aquele ser. E o conhecia, mas uma face que a tinha conhecido a muito tempo passado, a qual sentia algo parecido com o liquor da tristeza que é servido em algum bar n”alguma situação da vida.
Neste momentos críticos eu mesmo ficava a maldizer minha própria história e maldizia o que tinha feito, mas sem forças não conseguia transformar as situações, e nestes momentos mais infelizes tornava a fugir, por ser um arremedo de mim mesmo, alguém que eu não conseguiria reconhecer.
Sei que sempre que sentia um “quê” de atração por alguém eu me entregava a este, e depositava nos dias o horizonte de construção do tal propalado amor, mas quando o tapete era puxado e eu ficava no centro do picadeiro sozinho como um palhaço sem público eu chorava, esperneava e ria de mim.
Não quero mais ficar desse jeito, e não ficarei. Eu amo é verdade.
E as conversas duras tem sido costumeiramente colocadas em pauta. Mas sei como sou, procuro um abrigo a meu eu mais íntimo e quero ser abrigo a esse você.
Eu preciso de paz tranqüilidade e serenidade, tudo já foi muito caótico nessa vida, eu mereço um pouquinho de paz, mesmo que sozinho, mesmo que se a solidão se abater sobre mim passarei a ela ileso e não quero desferir golpes a ninguém e nem a mim mesmo. De tudo que quero é paz nada além de paz e correr. Correr como se fosse me jogar do desfiladeiro e voar ir para outro lugar.
Pois eu acredito sim, continuo a acreditar não sei até quando, mas continuo e me talho de restos de madeira e as farpas entram em minha pele, mas corro mesmo assim.
Tenho a impressão de ser a maior concessão de felicidade que já puder ser, o passado também me assombra, mas não vivo dele. Eu sou muito estranho, talvez devesse sentir mais medo que muitos outros sentem, mas não sinto, parece que sempre estarei pronto a pular do desfiladeiro. E não me entendo as vezes, porque também lembro de como tudo me afundou, mas não parece nem um pouco, ou melhor nada de quando estou perto...
Parece que eu sinta essas coisas me assombrar pra me fazer jogar a frente. Eu sou estranho, talvez uns digam que posso ser impostor e mentiroso e outros eterno coração que se doa. Escolham! A alguns sempre serei um talho que verterá sangue quando me aproximar e a outros um enorme músculo que pulsa por alegria e esperança...Eu não penso muito a respeito, resguardo o direito de apenas sentir um quê de alegria e sim...Sim!
Mas deveria temer e não temo. Todos temem eu também, mas disso não. Sei do assombramento do passado e não digo isso apenas em relação ao externo, mas sim também aos mecanismos internos. Aos modos como reagi no passado são cortinas sujas e não as quero mais em minha casa, mas elas ficam como lembranças de coisas passadas, mas sinto que consigo retirá-las das janelas e ver o sol que doura minha pele e me faz andar.
Talvez eu devesse...Ou não...Sei que sinto, mas as condicionantes...Meu coração sente e meu peito arfa...O passado é bom e ruim...Lembranças são vestígios de lágrimas, mas não apenas disso, digo e reafirmo...Eu corro, corro muito e tudo mudou como nunca pensei que mudaria, vejo mesmo a diferença, em mim e nos outros e complicado que é, ainda idealista que sou, deposito a minha maior fuga para a felicidade naquilo e sei que soa assim apenas a mim, e por isso devesse sentir medo, o medo faz bem...Não sinto muito medo e me dá uma grande força e não quero que esta seja o algoz de minha partida a outros rumos. Essa força que sinto. E não devesse ser tão forte.
Falam de calma, ou que cada dia a mais é um a menos para o encontro acontecer. Não quero mais saber de nada disso, apenas de algo que me guie a minha paz, quero me repousar e repousar meu amor mesmo que só.
Eu preciso de paz, a tormenta já atormentou-me demais quero só deitar minha cabeça ao rochedo do desfiladeiro e depois pular.


Desembarque

2 comentários:

Viny Rodrigues disse...

Um mentiroso. É isso que você é, uma doce mentiroso.
Mas afinal todos nós somos, pois a verdade é apenas um momento do que já é falso e a tormenta passa, demora mas sempre passa!

Amo-te amigo!
Bjus

Anônimo disse...

Sinto, o que desaba em mim não me tira só a coragem, não está no que eu vejo, nem no que sinto, está no passado, tão sujo quanto minha vida agora!