Embarque
Às vezes eu ouvia minha voz lá no fundo gritar e mais alto que gritava eu mais tentava abafar aquilo. Quando mais andei, mais abafei essa voz no passado. Estranho dizer, pois sempre queria tudo claro, e quanto mais pedia isso, mais tentava dar também. Em tudo. Clareza, atenção, carinho. Todos esses gestos eram parte e extensão de tudo o que eu sentia de mais perfeito e bonito. É como se eu retornasse aos meus 12 ou 13 anos. Quando às vezes arrumava briga na escola e brigava, batia ou apanhava. De qualquer forma voltava dolorido pra casa. Cansado mesmo. Com meus nervos em frangalhos.
Dores musculares percorriam meu corpo como se eu estivesse sido açoitado, e por assim dizer posso ter sido mesmo. Mesmo que um agente externo não tenha me esbofeteado, eu mesmo o fiz. A dor é correspondente aos passos dados em direção ao nada, ou melhor, sabe-se lá pra onde eu possa estar rumando e a forca vai me sufocando na medida que vou me distanciando.
Fiquei observando meus atos, meus sentimentos, e não cheguei a conclusão alguma, e pode ser que não chegue nunca. Apenas aquela ausência, e de maneira diferente que do passado. As noites têm sido longas, demasiadamente longas, e os pensamentos correm para lá e para cá sem repousarem em nenhum lugar. Diagnósticos e mais levantamentos do passado e do futuro.
Eu nunca fui muito bom em dar conta de certas coisas e acho que continuo sendo um tanto quanto relapso, é verdade. No sentido que meu pai falava em certas ocasiões. Nesse momento a louça esta pra ser lavada. Já tentei três vezes dar conta dela, o banheiro está um lixo e tenho um monte de roupas a passar. Estou acompanhado de meus dois gatos que correm de um lado a outro. Mas eu queria um abraço, um carinho. Por mais que possa parecer estranho me sinto desprotegido e ausente de mim mesmo. Meu pescoço pesa, a respiração é funda e os olhos ardem. A voz embarga e a garganta parece se fechar.
Mais uma vez de um lugar a outro sem percorrer linearmente minhas idéias. Ultimamente escrever tem sido um martírio. Uma vontade louca de destruir tudo ao redor. Explodir com o mundo. Eu já disse isso outras vezes, minha voz é como a de tantos outros e isso me mata.
A saudade, inexperiência, raiva.
Paro com essa bosta de texto por aqui.
Desembarque
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