quarta-feira, abril 26, 2006

Eu vou tomar banho agora.

Embarque

Era como se eu caminhasse pela rua à espera de algum afago da multidão sem rosto. Quando chegava a esse estágio, estava sepultado o amor próprio que eu tinha pela forma como pude me estabelecer como homem. As pessoas, elas mesmas, eu as via caminhando soltas pelas calçadas sujas da imensa cidade que cabeça de cachorro, e sentia o fétido hálito que vinham de suas bocas, principalmente quando estas se escancaram na perspectiva de romper o silêncio que jaz dentro de seus próprios corpos. Ao correr por estas ruas eu queria também perder meu rosto e que minha identidade fosse suprimida pela grande coletividade formada por grandes jumentos que são e que gostam de se empanturrar com tanta idiotice.
Por vezes e mais vezes sentia a necessidade de afundar-me no solo e sumir deste reino pútrido da maluquice que todos teimam em carregar, suprimiria meus sentimentos mais nobres pelo total desaparecimento de minha pessoa afim de deixá-los todos em paz, sou um fardo até pra mim. O que não dizer para os outros.
Poderia a esta altura da vida tornar-me indiferente a tudo e todos que me rodeiam, arrisco dizer que seria de bom grado e talvez até saudável, mas essa perseguição por essa indiferença só demonstra minha fraqueza diante dos fatos que rasgaram minha pele por anos a fio enquanto eu buscava uma saída. E essa, revestia-se de sentimentos tão diferentes que eu fui um turbilhão tão mal talhado que tem razão os que por mim tomaram certas impressões. E mais saudável seria sentir a indiferença desse tal reino, assim poderia eu, o pequeno rato saltitante, aprender com essa coisa. A grande indiferença pela vida.
Talvez eu seja demasiadamente romântico, como nos dizeres de Mencken, aumento tudo a uma escala desproporcional, e a meus olhos tudo parece tão sublime que mesmo a pobre multidão em derradeiro percurso tem seu toque singelo e único.
Ao calcular esse apego pelo aumento de um olho nu, eu compreendia que assim deveria ser feito, que esse próprio desapego pelo pé no chão fosse um toque romântico de outras formas de percepção da vida.
Hoje compreendo que posso aumentar o tamanho de uma infinita pulga apenas por capricho próprio, por querer me enfastiar a qualquer custo com algo que possa ser classificado como um inenarrável tipo de sentimento nobre por algo. Nessas andanças que tive pela vida compreendo este tipo de calculo que diariamente faço e assim as impressões do passado são variavelmente aumentadas e pode ser que aquilo tudo não necessariamente fosse aquilo tudo. Mas de que importaria eu dizer hoje que não aquela pulga não seria tão grande, ou que o cachorro que achei tal pulga é demasiado pequeno, ou mesmo que eu estivesse sem óculos por tempo, ou mesmo alguma coisa relacionada a isso. Quem garante a propriedade das lembranças, ou melhor, quem garante o caráter não manipulador destas imagens?
Não importa na verdade. Se fosse mesmo indiferentes a isso, estas linhas não teriam sido paridas nessa tarde de profunda preguiça.
Até o exagero de minha preguiça é demasiado grande, tarefas a dar conta e uma série de etapas a processar e a ultrapassar e protelo até o infinito para ficar olhando a imensidão do firmamento sonhando estar numa praia, campo ou noutro planeta deste sistema ou de outro sistema.
Articulado ou não, diferença isso não faz mais. O olhar se articula a enxergar o que quer e o que reconhece enquanto indentificável. O meu olho pode exagerar, posso alterar a quantidade de emoglobina no sangue, ou a impressão de uma foto pode tomar imensa proporção e sabe-se lá porque fui talhado dessa forma. Um dia me peguei pensando na minha infância e como em alguns dias eu teimava em sair de casa e lutava com minha mãe pra ficar em casa quieto e indiferente, mas é claro que pensava nas malditas lições de matemáticas que poderiam ser passada pela professora a qual eu tinha uma paixão secreta e mesmo assim, mesmo com a possibilidade de ver aquele grande quadril eu relutava a ir vê-la mas ficava, ou melhor, tentava atingir o núcleo de um eu que não existia. Esse núcleo imaginava era construído com indiferença de todos por tudo e qualquer sentimento que naqueles dias vinham assolar meu humor.
Sem dúvida, minha estada neste reino tem sido uma imensa procura pelo sentimento da indiferença do desapego por tudo. Compreendo que eu possa nunca achar essa qualidade em minha caixa de qualidades, mas mesmo assim reconheço desde os primórdios essa busca.
Quando naquelas tardes ensolaradas eu inventava alguma doença repentina, ou aquela dor que as vezes dava na minha próstata e com dez ou onze anos de idade procurava o silêncio de meus próprios sentimentos. Um silêncio que de tão silencioso fazia tanto barulho e via que nada adiantava e que muito silêncio era muito ruído que cansava meu pobre ouvido.
Por isso ao andar e ver a pobre humanidade caminhar perdida por estar ruas eu sentia pena. Pena deles e de mim.
Não vou repassar o texto.

Desembarque

sexta-feira, abril 21, 2006

Neil Young - "Old Man"

Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were

Old man look at my life
Twenty four and there's so much more
Live alone in a paradise
That makes me think of two

Love lost, such a cost
Give me things that don't get lost
Like a coin that won't get tossed
Rolling home to you

Old man take a look at my life
I'm a lot like you
I need someone to love me
the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true

Lullabies, look in your eyes
Run around the same old town
Doesn't mean that much to me
To mean that much to you

I've been first and last
Look at how the time goes past
But I'm all alone at last
Rolling home to you

Old man take a look at my life
I'm a lot like you
I need someone to love me
the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true

Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were

quinta-feira, abril 20, 2006

Amorfo

Embarque

00h15. Editor de texto aberto afim de receber palavras e mais das mesmas. Da minha caixola um enorme vazio, faço e refaço caminhos perpassando todos os pontos que precisam ser melhorados mas não consigo transformar todos pontos em texto. E fujo pra liberdade de outro tipo de escrita.
Sim eu iria escrever coisas hoje a noite, já vi que dessa noite nada brotará, e olha que ao esfregar e enxaguar os pratos o arcabouço estava todo montado na memória, mas paciência. Amanhã é um outro dia, e quem sabe consigo fugir da estagnação criativa que me aflige a alguns meses.
E estes dias tem sido todos bem difíceis. Vontades que sufocam meu corpo, e como um faminto que não quer comer eu me resigno e tento respirar e dar tempo ao próprio tempo, que de tanto tempo já comeu meu tempo no passado. O ar às vezes parece tão pesado que como toneladas de rochas parece comprimir meu corpo e minha visão fica turva.
Nós, todos nós caminhamos a passos certos rumo ao desconhecido e este tal desconhecido pode ser tão morno, sem graça e infinitamente amorfo.
Todos sonham e bocejam momentaneamente sempre que possível...e...por onde se escorregaria mesmo estas palavras?
Tsc, tsc, tsc.
Fim...eu sou amorfo!

Desembarque

sábado, abril 15, 2006

M.Lanegan & I.Campbell

Honey child what can I do

Wishin', hopin', for that old familiar feeling
That takes you miles above, yeah it's called love
Would you do it for me
'Cause i'm feelin' lonely

Prayin', hopin', and i leave the door wide open
I see you and you catch your spill
But come and sit by me
'Cause i'm feelin' lonely

Maybe i'm a stupid fool
Chasin' butterflies like you
On these days they seem so cruel
But honey, child what can i do

Maybe i'm a stupid fool
Chasin' butterflies like you
On these days they seem so cruel
But honey, child what can i do

Honey, child what can i do

quarta-feira, abril 12, 2006

tsc

Embarque

Novamente sentado a espera de alguma idéia. E sem caminho algum uma porra de sede e por mais que litros e litros de água me banhe ainda sedento fico. Sabe por quê? Nem mesmo sei.
Ontem ao subir no ônibus vi uma senhora cantarolar a seu ente querido, ao menos assim parecia, que um dia qualquer ela conseguiria vencer a sua fraqueza e caminhar solícita pelo mundo afim de transformar sua própria vida. E ainda fico a pensar como essa senhora ainda tenta e relativizo com ela sem saber porque. Mas sabe de uma coisa, eu não sou tão bom assim como penso.
Ao vê-la deparei-me e depurei como caminho na terra. Tenho vontade de afundar minha cara suja na terra e sufocar-me de tanta raiva que sinto.
Sentado aqui arquiteto formas e mais formas de parecer normal e tento mudar mas sou um presidio em mim mesmo, preso pelas memórias e afogado pelo gosto da dor. Canso sempre do meu ranso e lanço as fortunas de um novo ser apenas em minha cabeça, folheio livros na espera de uma saída e canso de mim mesmo.
Viu! Aqui novamente estou e? E nada, nem torrão de açucar eu posso pegar e em enfartar disso, pois eu me canso fácil, eu preciso mudar e trazer um novo eu, como nunca consegui ser. Estou cansado, minha vida me farta, estou farto dos sorrisos, da comemoração furtiva sem sentido.
Agora alguém me diz aonde posso chegar? Eu sei, ninguém pode dizer nada e por este motivo me sento e tento mudar o caminho e articulo tudo na minha cabeça, mas nada muda e continuo como um jumento carregando meu pobre mundo e mudo fico.
Cansei-me de tudo, e de deste escrito.
Não devia jamais nada e fugir na imensidão do nada. Meses e dias atravessam minha cabeça como uma flecha.
Angustiado numa escada, fracassado, fraco, imóvel.
Tens medo? Eu tenho um caminhão de fracassos, e não quero o amor coletivo a reunião...Quero só...Só eu posso assim ficar sem nada, e assim sem poder articular. Um miserável, covarde, fracassado, vil.
Que tento aqui retomar? Um algo, uma antiga substância.
Devia nunca Ter crescido, ainda a ser aquele ser que ficava no final da sala escondido de todos e de mim mesmo a querer explodir as doces cabeças de todos.
Eu odeio o mundo e não sou o primeiro a externar isso. Nem articular mais nada, me perco no turbilhão do tudo. Um enorme fracasso em todas as extremidades de meu ser. Não quero ser melhor que hoje, o agora basta e um feixe de luz poderia tostar este lixo de ser.
Tudo isso para o que? Para o desfile pobre de um sorriso amarelo e sem graça, e sabe mais o que a falsidade que todos carregam.
Pra quê?
Pra onde?
Por quem?
POR NADA!

Desembarque

sexta-feira, abril 07, 2006

be quiet and drive (far away) - Deftones

This town don’t feel mine
Fast to get away
Far

I dressed you in her clothes
Now Drive Me
Far Away, Away, Away

It feels good to know you’re all mine
So drive me
Far Away, Away, Away

Far
Away
I don’t care where Just far
Away
I don’t care where Just far
Away
I don’t care where Just far
Away
I don’t care