quinta-feira, julho 29, 2004

Ausente e distante

Embarque

Ausência

Fui!
Caminhando mesmo,certos lugares.
Sabia, eu sabia, mas fui.
Fui!
Lembro de quando era pequenino e meu pai na praia me ensinava inutilmente a nadar. Segurando meu corpo na superfície tentava sem exito algum, que eu conseguisse sozinho suplantar-me em águas revoltas. Quando me soltava afundava. Não sentia desespero, pensava que estava nadando, mas não. Afundava até sentir a areia da praia em meu peito, via que não conseguiria aprender a nadar daquele jeito, e voltava à tona buscando oxigênio e já pronto a outras tentativas.
Mesmo meu pai me explicando metodicamente como eu deveria fazer para flutuar por sobre a água, o que me atraía sempre era sensação de perder o peso quando descia a palmos da superfície ao fundo do mar na praia.
Foi assim.
Assim que tudo aconteceu. Mergulhei sabendo que não saberíamos nadar, mas valia a pena os momentos de paz que sentia no decorrer do caminho. Chegava ao fundo e faltava oxigênio, era o fim da paz. Subíamos buscando ar e fugíamos de nós mesmo.
Foi assim.
Sentia um segundo sol em mim, mesmo no fundo d`agua pensava poder iluminar lá embaixo a vida de todos, e assim poder viver para sempre no fundo do mar, fugindo das tempestuosas águas superficiais.
Eu especulava. Minha própria luz, não é a nossa luz e ponto final.
Foi assim.
Meu sol brilha. Mas apenas ilumina a mim e preciso dele assim. Não suporto a ausência da minha luz, mesmo sabendo que psso ter me perdido, minha luz me guiava.
No fundo do mar era tudo escuro, e como uma lanterna minha luz me guiava ao paraíso.
Eu estava só.
Não percebi, mas estava só. E como quando criança afundei até sentir as pobres areias em meu peito.

Foi assim,
Que segui pelos tortos caminhos,
a procura da paz,
mas a paz de nada servia,
pois ela não nos alimentava.
Tanto que também voltei a superfície,
a busca de ar.
E vendo o céu cinzento,
não acreditei no que via.
A tempestade veio.
Me afogou e jogou meu corpo contra as ondas,
e os rochedos afiados a me cortar,
e assim percebi que a paz não existe,
a quem não a quer procurar.
Foi assim.

Me descubro novamente, como todo amanhecer que tiro os sujos lençóis deu meu cansado corpo. Tomo nota de novas feições em mim, esculpidas pela ação de nós mesmo.
Ao fundo como na minha infancia carreguei o que de mais puro tive em minha vida. Com meu coração sangrando atravessei tempestades, terremotos, maremotos e guerras. Mas o lugar da paz não veio como eu pensava. Pode vir. Mas sozinho terei de procurá-lo.
Peço a meu senhorio que segure meu aluguel por alguns meses, vou viajar e ainda não sei quando volto.

Pois,
vou ao mar,
para aprender a nadar,
para finalmente me salvar.



Solidão

Desembarque

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