sexta-feira, dezembro 17, 2004

desgaste

Embarque

E mais um ano se ai, como se fosse água a escorrer pelas minhas mãos. Fico me perguntando se um dia, ou melhor, como isso vai acabar.
Onde afinal e como isso vai acabar? Cada um com seu inferno astral que de semanas a semanas circundam a necessidade por algum gole de algo que valha realmente a pena.
Dezenas de semanas e meses, centenas de dias para provar que é tudo um circo.
O desespero que nos abate não foi muito diferente do que abateu sobre nossos entes queridos a alguns anos atrás?
Escolhas.
As vezes eu me canso de mim mesmo, e da forma como penso conduzir as coisas da vida. Me acho tão sublimemente austero e indissuadível que dá gosto a quem não me conhece. Projetar essa responsabilidade sobre meu próprios ombros.
Também não sou um sujeito reclamão e mimado que fica a choramingar os reveses mais estomacais da vida. Engulo tudo a seco, sapo a sapo, gota a gota. Trilhar a incerteza da vida é dificil e na verdade cansa muito, sair desse cárcere que o olhar determina.
Se mais algumas cervejas existissem, lhe garanto o teor destas poucas linhas seria outro. Seria necessariamente algo talvez um pouco mais viscoso que a nossos dedos escorressem...ah baby please don't go!
Preciso alterar a minha própria interpretação. Senão logo menos, como diz uma amiga, estarei sem fôlego para continuar.
Sinto informar, mas a estrutura de tal indivíduo não anda nada bem.
Meses, semanas, dias, horas, minutos, segundos e passam, passam, passam, e eu aqui sentado a tentar versar sobre a minhas (i)responsabilidades.
Admito a sede se abateu sobre a minha carcassa podre. E no decorrer deste ano o que mais senti foi sede e pareco não ver o oasis. Mas isso é apenas uma interpretação.
Não me levem a mal, mas muitas vezes gostaria que o mundo sumisse, e que eu ficasse a gravitar sobre uma poeira cósmica que bilhões de anos depois convencionou-se Terra. Apenas acompanhar com meu esgasgar o desenvolvimento do egoísmo e da podridão.
Mas algo de bom há de vir...e se eu a vir...logo ali na esquina correrei a seu encontro, mesmo que para levar um soco na boca do estomago, e assim perderia a respiração e os transeuntes ficariam a me observar estupefatos pela falta de força que tenho.
Acredito no bom! No beijo e no amor!
Mesmo que fique com falta de ar de tanta preguiça de beber o suco da nossa vida.
Que droga! Isso é bom pra voçê? Já testou todas as capacidades do que pareca ser a concreticidade da vida? Se não testou nem tente, não conseguiremos caminhar pelas praias banhadas pelo muco que verte de nossos corpos. Ah, e por favor me avise quando algum dia que valha a pena amanhecer...mesmo assim e atropelando tudo isso, amo viver.
Mesmo de mau humor e afim de uma cordinha estar desgastada dando voltas no meu pescoço.
Taque o foda-se, chute o balde, pendure a chuteira. Corra de encontro, as ondas não machucarão, apenas gostaria que elas me lavassem e me levassem a outros lugares.

Desembarque

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