sexta-feira, maio 13, 2005

Cedam!

Embarque


A diferença de choque que alguns minutos de vento na face faz é imensa. E a observação da paisagem seja ela qualquer. Desde uma pequenina sala até um par de ancas sacudindo-se num bailar erótico temperando as lúgubres ruas.
A voz é mesma. A pessoa. O protagonista faz e refaz seu caminho buscando sentidos. Outrora o desespero e o caos. Hoje o silêncio do não dito.
Apenas a lembrança de horas de sensações lascivas. A canção dos corpos se debatendo quais enguias fora d'água felicitando seus orgãos genitais pela presença do outro. A alteridade é construída na junção dos fluídos que antes temperavam as ruas e noutro momento a temperar nossas entranhas e a sede que sentimos é infinita.
Sempre mais e mais. Não fujam jamais de seus destinos. O mundo gira, como um amigo disse-me, pelo movimento das estocadas de nossos mastros na morada quente e molhada do canal da felicidade instantãnea.
A cada feroz estocada o movimento de rotação se perfaz num ritmo novo e o mundo procura se estocar e ser estocado, numa aritmia que de movimentos incertos mas certeiros no fundo das bocas úterinas.
Cedam todos! Aos nossos orgamos procuramos em todos os caminhos de nossas medíocres vidas. E o que sobra é apenas alguns momentos de lembranças na solidão de uma cama vazia e uma mente abarrotada de imagens de uma foda instantânea e feliz.
Fodemos todos! Fodemos com nossos devaneios solitários de experiências loucas em situações não antes experencializadas. Fodemos todos! Pela vida terrena e pelo fim da procura pela salvação que nunca virá. Já ouvi isso antes. Não haverá barcos salva-vidas para todos. Entreguem-se aos desejos mais sujos que passeiam por nossas mentes quando aquele par de ancas se misturam a nossa visão.
A coisa pulsa no meio de todas as pernas. Enerva-se se não consegue uma morada e cospe em todos num sonho vazio. Numa cama vazia provamos do que não somos capazes.
O mosaico da vida se junta num grande suporte branco. Tintas, pincéis e todo material necessário ao aquarelamento de certas figuras. Uma grande folha branca esperando a tinta cair e assim a tonalizá-la de várias formas. Situações vividas ou não? De que importa, se pobres somos na entrega a outros corpos.
Dedos, Unhas, pinto, buceta, mãos, lava, corrimentos, muco, cu, gosto, lábios, vasos, veias, lingua, dentes, quentura, amor, sexo, saco, ovos, olhos, sombrancelha, orgasmo, esperma, boca. Fuga.
Me entrego a fuga de meu corpo por mais corpos e por mais texturas, gostos, gestos enfim...por mais e mais e sempre mais pessoas.
Novas, velhas, conhecidas, desconhecidas, juntas ou separadas. Afim estão? Da entrega total por horas numa cama qualquer mesmo com pulgas, pregas, pintos, pegadas, pulsação e paulatinamente a introduzir em nossas mentes novas formas de amar fodendo com o que se espera.
A mesma voz em movimento não parece ser reconhecível, pois o movimento modifica e a vida não pára.
Um salve! A estocadas. Rotação e Translação.
Caos! Esperando pela ordenação.

Herculano Netto

Desembarque

Um comentário:

Anônimo disse...

Caralho, quanta putaria!
EU adoro toda essa putaria que escreve, apesar de ser o que é! heheheh..
Saudades!