quarta-feira, fevereiro 22, 2006

flecha Febril

Embarque

Ontem me peguei sonhando de olhos abertos. Como se as luzes da rua fossem as únicas que proporcionassem iluminação a um recinto fechado e quente, e também como no passado o rádio estagnado em alguma estação que gritava para calar os meus urros. Estes urros que eram sinais da entrega total. Premeditadamente eu deixei o rádio tocando enquanto passeava pelas minha lembranças ao passo que minha mão brindava-me com certeiros toques e observava um filme protagonizado por mim mesmo.
O rádio cortava o silêncio da noite afim de afogar a saída dos uivos animalescos do quarto e a cortina escura vincava de modo que em segundos a luz da rua penetrava naquele quarto. Suava muito e adorava, sentia o fluxo do corpo indo e vindo e eu o controlando assim como minha ereção.
Noites quentes a quais perfurava o gelado bloco da vida com minha certeira flecha febril, e ia costurando e alargando o espaço de minha casa de forma a estocar minha história numa gaveta, mas uma gaveta molhada e extremamente viscosa.
Lembro destas luzes e do soar da rádio em conjunção com os movimentos nada uniformes de nossos corpos naquela cama.

Desembarque

2 comentários:

Anônimo disse...

Saudações meu querido irmão.....

Passando para deixar um beijo imenso.
é bom saber que estais bem, trilhando corretamente o caminho das sombras.....

Saúde !

Gustavo disse...

As coisas estão perdendo o sentido ao passo que tudo milimetricamente faz todo o sentido. Depois de entender o funcionamento desta máquina, descobri que ela não serve para nada. "Pra ocê", meu amigo, a vida.