quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Céu azul

Embarque

Banhos e mais banhos, lavando minha pele cansada e não consigo limpar minhas lembranças. Por que tudo não é como um banho, que quando tomamos lavamos nossa pele e assim estamos pronto por mais vida, deixando no ralo as lembranças ruins? Costurando as boas na mesma pele para que nunca mais saia.
Lavar-se de lágrimas não limpa o espírito, mas aprofunda a marca deixada e a esperança ainda reina intacta nos objetos. Cartas, fotos, desenhos. Lembranças.
O cheiro, as formas tudo traz o cárcere das lembranças, as nuvens tomam formas, o céu azul parece querer entrar me mim e eu nele. Me suga!
Me suga, me faça seu céu!
De oceanos espero o mais puro sal, para temperar minha vida e tentar me afogar nas revoltas águas e eu a tentar apaziguá-las tranquilamente no meio do desespero coletivo.
Queria abrir o toráx e extrair essa bola que se costura de lembranças num movimento infinito. Suguem-me todos, rasgem minha carne, não deixem pedaço algum a ser reconhecido.
Céu! Azul lindo assim...me chame...alguém me chame, me dê um pouco de sua preciosa atenção mundo.
Quero deitar em ti e brincar com nossas mãos como se o amanha nunca fosse chegar, e sumir pelas suas madeixas a me fazer criança novamente.
Céu... mostre-me a sua grandiosidade, estenda seu braço de nuvens a mim, a fazer eu deitar em seu colo a dormir, e a sonhar com o infinito toque de nossos corpos.
Grite com seus braços uivantes a fazer cócegas em minha barriga, a mimar, beijar.
Não chore quando eu deixá-lo dormindo sózinho para preparar seu café, estarei sempre morando dentro de ti...e por que sinto que mora tão caseiramente dentro de mim?
Por que céu eu sinto sua vastidão dentro do meu corpo cansado, e sei que nunca estenderá seu braços de nuvens e ventos e mesmo assim não consigo deixar de olhar sempre a ti.
Quando você toca minha face com seu carinhoso cair de águas, sinto dentro de mim a mais profunda paz e tranquilidade.
Pena! Homem algum desta terra não poder ter sentido isso como eu senti, quando um tufão, você levou-me a seu ventre e mostrou o real sentido da vida.
Eu sei céu. Sei que sempre ficará aí. Acima olhando meus passos, mas eu o quero dentro de mim ajudando a bombear o fluxos nossos corações, e construindo apenas um coração uno e indivizível.
Meu céu, minha história, minha dor. Minha vida segue como uma estrela cadente que passa por ti céu, e choro a não poder tocá-lo, senti-lo. Desespero-me por ter sonhado, arquitetado a felicidade e a nossa união na vastidão do universo se daria pelo momentâneo colapso de nossos corpos, num tufão que só você saberia produzir...meu céu, eu te amo.
Como conseguir caminhar por aí, sempre olhando para cima e vendo, ou mesmo sem olhar sabendo que você existe? Infinito e tão grande mar azul suspenso! A ver sua força em todos os lugares, a rumar ao desconhecido e vendo sempre seus braços de nuvens e a textura tão bem particular.
A chorar pelos quatro cantos do mundo a ver. Céu! A morrer e não apaziguar meu espírito esfomeado por ti céu.
A lutar dentro deste corpo, travando uma batalha entre eu e eu, a fazer (re)significar meus sentidos e que teus ventos mudem meu horizonte...Não...Não pode assim tristemente ser. Fim.
Desordem de idéias e amor



Desembarque

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