quarta-feira, abril 06, 2005

Durrel e Mars Volta

Embarque

"Buscamos preencher o vazio de nossa individualidade e por um breve instante desfrutamos da ilusão de estarmos completos. Porém, é só uma ilusão: o amor une e depois divide."
(Lawrence Durrel)

A minutos atrás escrito eu tinha uma outra história. Resolvi apagá-la afim de resguardar certas memórias. Estavam soterradas a bons nove ou dez anos. Pelo atual momento o que eu vos traria não seria nada de bom grado imagino. Até porque tenho a impressão de um fardo ser para a vida de alguns. Muito mais do que me dizem, sou um peso a ser carregado. Ou não. Pode ser que tudo tenha mudado e eu com uma certa presunção penso ainda ser este peso.
Caminharei por cheios corredores a tentar passar invisivelmente por todos os olhares. Veja bem por todos. Reduzir-se ao nada, requer uma certa dose de força no sentido da invisibilidade dos olhares. Testemunharei as imagens quadro a quadro e como um pintor da modernidade, tentarei em vão captar a idéia do movimento inserindo-me mais do que nunca no esquecimento.
Dói. Eu sei. Mas afim de melhorar preciso com mais água e sabão me lavar da negra graxa que não consigo tirar de minha pele e há quase noventa dias venho meditando sobre essa sujeira que eu me tornei. Este ser que ainda implora e chora mediante a situações já por assim definidas. Sim! Não nos diga que não. Não há amor em terra seca ou molhada que resisti a intempéries das situações.
Como dito anteriormente. Portas se abrem e outras são demolidas, pois não mais serão usadas.
Numa conversa de bar dias atrás a motivação era a possibilidade de certos caminhos serem hoje usados na tentativa de dissipação de dúvidas. Sim, disso tenho total consciência e também que a profusão destas situações conduziram-me ao fim.
Um sábio diria que se fosse preciso eu teria de ir ao fundo do poço, para de lá sozinho apenas ouvir a minha voz. Sozinho e distante de tudo e de todos. Talvez começe por estes dias a arrumar as malas a este infindável trajeto.
A imperfeição me joga a igualdade a todos. Não sou e nem tenho a pretensão de ser o inimigo da felicidade alheia. Nada disso. Apenas quero o esquecimento. Compartimentarei eu mesmo das lembranças alheias afim de dor nunca mais proporcionar aos outros e a mim mesmo. Talvez seja essa a fórmula do meu reduzimento.
Eu odeio o ocidente, queria ir a Katmandu no Tibet. Passear pelas planícies ao pé do Everest. Comungar com os calmos monges tibetanos. Sumir um pouco. Seria isso um presente dos deuses a mim.
Mas assim fugiria da minha crucificação. Disseram-me ontem que faço tempestade em copo d`água.
Será?
Mars Volta!
"Buscamos preencher o vazio de nossa individualidade e por um breve instante desfrutamos da ilusão de estarmos completos. Porém, é só uma ilusão: o amor une e depois divide."
(Lawrence Durrel)

Desembarque

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