terça-feira, abril 10, 2007


Embarque

If you could read my mind - Johnny Cash

If you could read my mind, love,
What a tale my thoughts could tell.
Just like an old time movie,
'Bout a ghost from a wishing well.
In a castle dark or a fortress strong,
With chains upon my feet.
You know that ghost is me.
And I will never be set free
As long as I'm a ghost that you can't see.

If I could read your mind, love,
What a tale your thoughts could tell.
Just like a paperback novel,
The kind the drugstores sell.
When you reached the part where the heartaches come,
The hero would be me.
But heroes often fail,
And you won't read that book again
Because the ending's just too hard to take!

I'd walk away like a movie star
Who gets burned in a three way script.
Enter number two:
A movie queen to play the scene
Of bringing all the good things out in me.
But for now, love, let's be real;
I never thought I could act this way
And I've got to say that I just don't get it.
I don't know where we went wrong,
But the feeling's gone
And I just can't get it back.

If you could read my mind, love,
What a tale my thoughts could tell.
Just like an old time movie,
'Bout a ghost from a wishing well.
In a castle dark or a fortress strong.
With chains upon my feet.
But stories always end,
And if you read between the lines,
You'll know that I'm just tryin' to understand
The feelin's that you lack.
I never thought I could feel this way
And I've got to say that I just don't get it.
I don't know where we went wrong,
But the feelin's gone
And I just can't get it back!

Desembarque


Minha Ausência

Embarque

“... eu preciso andar um caminho só, vou buscar alguém que eu nem sei quem sou. Eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você. Guarde um sonho pra mim”.
Rodrigo Amarante – Los Hermanos

Voltei. Tinha passado alguns minutos e tão puto que estava com o texto anterior que vou tentar fazer algo que me satisfaça mais. Percebi que às vezes o barulho e tão grande na minha cabeça que não consigo concentrar-me e as lágrimas rolam pelo meu rosto por eu não conseguir organizar meus sentimentos. Tudo pode ser fácil. Veja bem, mas ninguém disse que seria fácil, disse que poderia. Mas por que afinal de contas eu posso afirmar que pode ser fácil. Todo mundo sabe que é uma bosta esse encadeamento de momentos. Alguns momentos destes nos fazem morrer aos poucos ao observar a falsa serenidade alheia. Eu luto pra ver a minha serenidade e me desespero e me aterrorizo ao não conseguir aplacar os meus medos. O tempo vai passando, os encadeamentos dos momentos fogem do meu poder e me sinto descontrolado correndo com a cabeça de uma lembrança a outra sem qualquer organização e corro pra essa porra de cadeira e me observo nos textos, mas não mais me enxergo. Meu coração parece querer pular pela garganta e me abandonar. As malditas lagrimas rolam pelo meu rosto e não consigo controlá-las. Pareço perdido no meio do não-lugar e tento gritar e pulo, sento e arranco o solo do chão. Enegreço minhas unhas urrando de raiva tentando ver alguém que eu conheça. Mas nada. Não conheço mais ninguém, porque não me reconheço. Luto contra minhas memórias e elas vão corroendo pelo que eu era, em contrapartida do que sou. Alem de me sentir ausente e só, não consigo organizar minhas próprias idéias e tudo se perde num mar de lamentação e lágrimas como a água suja que escorreu da pia quando a limpei minutos atrás.
Tenho a impressão de fugir do meu próprio eu, não consigo organizar um pensamento sequer. Ontem ao caminhar pelas ruas, eu ficava extasiado observando os rostos, imaginava a riqueza de detalhes de todos. Hoje eu caminho tão absorto nos meus devaneios que a todo momento sou sugado por elas. Antes eu conseguia compor algo que mesmo pobre tinha um acabamento coerente. Hoje as coisas vêm à cabeça e não consigo organizá-las coerentemente. E não é questão de ser racionalista, mas sim de minimamente conseguir me organizar frente ao mundo que parece querer me engolir.
Antes aquela canção tocava no meu âmago, antes eu seguia minha vida em virtude de outra vida, antes eu chorava ao sentir a ausência. Antes tudo, e hoje me parece que nada. Uma ausência fria me fere os poros. Ausência de mim.
Eu queria poder correr na praia. Se for pra se sentir só que fosse vendo o movimento de idas e vindas da água salgada do mar. Se fosse assim, poderia caminhar de uma ponta a outra da praia. Cansar e sentar na areia e cavar. Fazer castelos de areias e depois destruí-los com ódio, ou deixá-los ao desamor das marés que sobem e descem corroendo todo que está a sua volta. Hoje percebo que o tempo me corroeu. Lavou o meu sentimento e fiquei ainda sentado naquela praça me lamentando. Afogando-me nas próprias lágrimas ao ser iluminado pelos faróis dos carros que passavam. Nesse momento, as responsabilidades parecem se dobrar em mim, e com medo pareço um pequeno jovem que pode não dar conta de um determinado trabalho. A fuga dos meus sentimentos é a decretação de minha derrota enquanto homem. Tudo enrolado, desorganizado. O guia, produção, dor, confusão, cicatrizes, números, símbolos e signos. Sangue, sal, seguro, caminho, merda, arranhão. Projeto, letras, discurso, telefone, vazio.
Eu gostava de ficar quieto e observava os detalhes das coisas, continuava vendo cada curva se fosse uma mulher, ou se fosse uma música cada nota. E se um livro, me afundava em seu discurso. E quando frio minha carne estava, eu rasgava ela pra ver se estava vivo e deixava o sangue escorrer e cair no chão. A previsão que tinha dos meus acontecimentos era que retornaria ao meu normal. Era passageiro o momento.
Hoje meu momento é de desconcerto e vou levando por aqui pra ver até aonde eu chego com a desorganização discursiva. Se pretendo sentir e operacionalizar num sentido mais formal, quero ver aonde chego com esse blá blá blá sem princípio e sem final organizado mais parecendo uma torrente de um rio que desce depois de ser explodida sua represa.
Sabe-se lá um dia aonde e como vou conseguir retornar as coisas e continuar a observar as coisas da mesma forma, ou quem sabe nunca mais volte. Que daqui pra frente será isso. Ausência de mim mesmo.
Qual é a sensação de estar perdido? É não conseguir se organizar e fazer as coisas como antes. Pra mim é desse jeito que se apresenta essa coisa. Antes eu tinha uma tal preocupação com um realce estilístico quando escrevia. Pensava nas palavras. Eu as corroia na minha cabeça. E hoje estou mais pra ejaculação precoce do que nunca, as coisas vêm e assim que chegam vão sendo gorfadas aqui. Achava que tinha de ser reconhecido enquanto sujeito que tentava escrever e organizar meus sentimentos na forma de palavras. Uma do lado da outra são frases, e quanto mais frases um texto e quanto mais texto mais dor.
Não há escapatória, saída, porta de emergência ou coisa do tipo.
Não sei como cheguei aqui, e parece-me que terei de revisar. E vou chegar à mesma definição que já tinha expressado linhas atrás – desorganização. Não consigo mais explicar nada, nem satisfatoriamente me colocar e fazer com que entendam o que está aqui.

Desembarque

Soluço

Embarque

Às vezes eu ouvia minha voz lá no fundo gritar e mais alto que gritava eu mais tentava abafar aquilo. Quando mais andei, mais abafei essa voz no passado. Estranho dizer, pois sempre queria tudo claro, e quanto mais pedia isso, mais tentava dar também. Em tudo. Clareza, atenção, carinho. Todos esses gestos eram parte e extensão de tudo o que eu sentia de mais perfeito e bonito. É como se eu retornasse aos meus 12 ou 13 anos. Quando às vezes arrumava briga na escola e brigava, batia ou apanhava. De qualquer forma voltava dolorido pra casa. Cansado mesmo. Com meus nervos em frangalhos.
Dores musculares percorriam meu corpo como se eu estivesse sido açoitado, e por assim dizer posso ter sido mesmo. Mesmo que um agente externo não tenha me esbofeteado, eu mesmo o fiz. A dor é correspondente aos passos dados em direção ao nada, ou melhor, sabe-se lá pra onde eu possa estar rumando e a forca vai me sufocando na medida que vou me distanciando.
Fiquei observando meus atos, meus sentimentos, e não cheguei a conclusão alguma, e pode ser que não chegue nunca. Apenas aquela ausência, e de maneira diferente que do passado. As noites têm sido longas, demasiadamente longas, e os pensamentos correm para lá e para cá sem repousarem em nenhum lugar. Diagnósticos e mais levantamentos do passado e do futuro.
Eu nunca fui muito bom em dar conta de certas coisas e acho que continuo sendo um tanto quanto relapso, é verdade. No sentido que meu pai falava em certas ocasiões. Nesse momento a louça esta pra ser lavada. Já tentei três vezes dar conta dela, o banheiro está um lixo e tenho um monte de roupas a passar. Estou acompanhado de meus dois gatos que correm de um lado a outro. Mas eu queria um abraço, um carinho. Por mais que possa parecer estranho me sinto desprotegido e ausente de mim mesmo. Meu pescoço pesa, a respiração é funda e os olhos ardem. A voz embarga e a garganta parece se fechar.
Mais uma vez de um lugar a outro sem percorrer linearmente minhas idéias. Ultimamente escrever tem sido um martírio. Uma vontade louca de destruir tudo ao redor. Explodir com o mundo. Eu já disse isso outras vezes, minha voz é como a de tantos outros e isso me mata.
A saudade, inexperiência, raiva.
Paro com essa bosta de texto por aqui.

Desembarque

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Voltear

Embarque

Hibernei por meses deste lugar. Passei dias a pensar se voltaria um dia a escrever. Como a maré do mar que sobe e desce, os dias se passaram a vida se movimentou de forma muito estranha nestes últimos meses. Indo e vindo os pensamentos corrompiam minha mente a pensar sobre tudo. Sobre o ato de escrever, sobre a água, vida, morte, paz, destruição e tudo mais. Sentia-me vazio, não conseguia coordenar pensamento algum a chegar a algum resultado sobre os fatos que me motivaram a esquecer desta página. O último suspiro disto, a alguns meses, foi o sumiço de meu gato. Antes mesmo deste fato já estava visivelmente desprovido de vontade de externar qualquer sentimento que fosse. Visões sobre o que deveria escrever vinham e iam como a água que sai da torneira e finda no ralo, não organizava nada na mente apenas via paisagens escorrerem pelos meus dedos e não sentia vontade alguma de organizá-las. Me parece que a preguiça as vezes me compelia a rejeitá-las, em outras ocasiões sentia que estes pensamentos nada mais eram que visualizações tão ordinárias que não deveria dividi-las com os demais. Como vagões de metrô eu mergulhava em algumas lembranças e ia, descia em alguma estação e esquecia o que tinha pensado minutos antes, mesmo que um determinado assunto passado me soasse vivo, eu de forma alguma os organizava.

Dei um tempo, matutei sobre o papel deste espaço e novamente sem nenhum resultado aparente deixei de lado tais equações. É engraçado como mesmo nestes momentos algumas lembranças teimavam a grudar em mim, como às vezes teias de aranhas nos surpreendem quando andamos. Eu andei e pensei a chegar a algum resultado, algum porquê destas e de outras linhas expurgadas no passado. Revisitei meus medos mais intestinais e nada, apenas o mesmo vazio a permear. Inclusive pensei em largar, na verdade ainda assim penso, sempre que qualquer linha se inicia o enorme vazio e o sentimento de perda me invade. Pareço estar numa selva e vejo uma série plantas, mas nenhuma chama atenção, ou melhor, o que me chama atenção é a mesma pergunta. Por que teimo em tentar externar isso. Por que destas linhas, e mais ainda, por que os pensamentos me seguem? Antes imaginava poder tão bem organizá-los que imaginava coisas e guardava na memória, mas ultimamente como falei linhas acima, não sentia mais necessidade de organizar nada. A falta de um direcionamento certo a isso foi sendo a mim desvelado. Sentia que os gritos do passado, eu os tinha berrado. Essa coisa de organizar os fatos e colocá-los de forma a satisfazer a mim é uma tarefa por demais complicada, ainda mais quando o ato de escrever é um ato por assim dizer de açougueiro. Cortar cada peça em certo sentido, refrigerá-las a tal temperatura, esperar tal época a disponibilizar isso ou aquilo. E quando não se há vontade de organizar tudo isso, esqueça, pois demandaria uma tarefa tão chata que não se conseguiria, e foi assim que o vácuo me preencheu.

Outra coisa maluca de minha cabeça era o tamanho do texto, como os grandes de outrora, eu queria fluir, ser uma torrente violenta em meio ao silêncio e que essa violência fosse externada com maestria. Bela bosta! Primeiro eu me ressentia de certa humildade, vou explicar. Querer igualar estas pobres linhas aos mestres é uma tarefa idiota demais, uma preocupação tão vil que me fez debruçar horas, dias, meses numa idealização de escrita, e mesmo assim sem resultado aparente. Na verdade, gostaria que minha voz fosse única, pode até ser que seja assim tão única quanto o tamanho dos dedos de meu pé, ou a quantidade de dentes da boca, mas tinha lembrar-me todos temos dedos e dentes. Preocupações mais idiotas essas.

E a cada parágrafo findado, lá vinham as indagações, a saber, do que eu falaria no seguinte, se não soaria repetitivo, que ou quais palavra deveria usar, como construir uma frase de modo a impressionar e como utilizar as palavras no sentido mais estético, musical que seja. E assim, mais momentos iam escorregando, as idéias mal acabadas ficavam ainda mais mal amarradas, e ao passo que ia aumentando o tamanho da balela escrita aumentava na mesma medida o sentimento de desprezo ao finalizar tal texto. A primazia de escrever me parecia uma heresia sem tamanhos quando me debruçava sobre qualquer linha escrita numa ou noutra página de livro, anúncio de emprego, aviso de cigarro, encarte de disco, receita médica, capa de jornal, enfim qualquer coisa me parecia mais completo do que estas linhas. Até mesmo um calendário todo organizado me satisfazia mais que as minhas próprias linhas, que achando eu serem a tradução da minha alma, e se assim forem, meu espírito é por demais mal organizado, convenhamos.

Em outros momentos já posso ter externado sobre isso, mas julgo ser um momento apropriado a este retorno. E quanto a armazenar uma ótima idéia a trabalhar com ela mais tarde. Um enorme fiasco no sentido mais puro do termo. Dias desses estava caminhando no parque pensando, tinha ido lá a fim de espairecer a cabeça dos problemas da vida. Caminhando, passo a passo, sinto um comichão, imagino ser aquela idéia que primeiramente me salvaria do vazio da escrita e que bem organizado daria uma boa tentativa de um texto mais...Digamos, mais refinado. Pensei o tema por alguns ângulos o ataquei de forma a senti-lo mais vivo na mente, quando de repente me vejo sentado num banco num parque público divagando sobre as possibilidades e existência de um inseto. Porra! Foda-se as possibilidades desse caralho de vida, passa o dia voando e morre ao entardecer. E lá se tinha ido a bosta da idéia anterior, e o pior, eu não tinha esquecido, quando retomei o tema era de uma coisa tão sem graça que não consegui nem engatar os primeiros passos no sentido a retormar os termos aos quais tinha utilizado a fim de me empolgar novamente.

Numa outra ocasião num momento “criativo” resolvi utilizar uma agenda. Acordei meio de ressaca com uma enorme dor de cabeça e resolvo pegar uma caneta e a tal agenda, já faz mais de um ano isso. Me sento, atrás de mim um amigo ronca como uma britadeira preguiçosa. Sentado, a mesa organizada, caneta cheia, copo com água com mais dois daqueles remédios cura ressaca, começo a destilar o veneno. Imagino que vou arrebentar começo a escrever meus calos da mão até doem de tanto que escrevo, acho que nunca escrevi tanto. Penso no passado e vou vomitando as coisas, penso no presente e dá-lhe tinta no papel, idealizo o futuro e lá vem linhas. Como esse texto ficou na tal agenda “infelizmente” nós não tivemos a possibilidade de lê-lo aqui. Como faz mais de um ano deste sopro criativo e como não o publiquei, só eu tenho a cópia desta merda, e assim me refiro, pois semanas atrás limpando meu quarto não é que achei o dito cujo. Puta merda, umas das piores coisas na vida é revisitar o passado assim tão, digamos claramente. Quando o folheei novamente, tive quase que ânsia de vômito daquelas de perder a bílis depois de beber litros de cerveja e ao fim da noite lascar nos destilados. Era uma coisa tão deprimente que possivelmente venha a publicar para dividir com sei lá quem as pérolas que ali estão.

O diagnóstico que chego depois disso, é nenhum sai do ponto zero, circulei, circulei, circulei...E onde estou?

Desembarque

terça-feira, outubro 31, 2006

Amarelo Cinza

Embarque

Num dia sombrio, tão soturno quanto o cinza escuro. Enquanto o retrovisor registrava meus olhares em contratempos, e enquanto furtivamente caminhava uma outra pessoa ajustava suas malas a partir para todo o sempre que nos resta. Parece que tinha tempo limitado a convivência com ele, e como limitado que é – se foi - justamente na semana de um ano juntos. Suas poucas vestimentas ficaram espalhadas pela casa como que apregoasse a mim que eu não esquecesse jamais. Ele se foi. Deixou seu reinou e sumiu sabe-se lá para onde.
Dias passaram e ao olhar pela janela nenhum sinal dele. A espera sufoca e mata a esperança de esperar pelos sinais característicos de sua pessoa.
As roladas no chão, os cadarços a serem desamarrados...Tudo foi armazenado como nunca antes tinha sido feito em singular relação. O banho, as reclamações, os espirros de juventude, as roupas largadas pela casa, o seu cochilo em minha cama mordendo meus lençóis. Está tudo guardado. Restaram as lembranças ainda não empoeiradas de suas andanças e chiadas. Suas reclamações cotidianas por atenção e afim de brincadeira. Seu reino continua aqui. Intacto. E meu amor por ele o mesmo. A saudade afoga minhas lágrimas de tristeza e o grito mudo na garganta foge ante a inundação das lembranças.
Levou-se consigo em sua mala um retrato de cada um de nós, em cada moldura uma lembrança a ele diz respeito. Separou suas roupas enquanto eu caminhava… E assim tão rápido ao chegar, pelo medo que tinha por aqui estar e como no passado em meu quarto se escondeu, de minhas andanças sumiu. Não deixou sequer um adeus. Ele se foi num dia sombrio tão soturno quanto o cinza escuro... Se bem que mais triste e soturno é a lembrança e a impossibilidade de sentir seus abraços.

Desembarque

domingo, outubro 15, 2006

Porra!

Cansei-me...de tudo...
Das responsabilidades!
Eras sem passar por aqui!

terça-feira, agosto 01, 2006

Visões

Embarque

Sempre me perguntei se um dia conseguiria escrever algo que fosse mais coerente, ou literalmente falando, mais alinhado a uma determinada corrente política qualquer. E sempre que terminava tal escrito saia frustrado em todas as extremidades de meu ser. Se é que isso é possível.
Nos diversos vai e vem do dia-a-dia vários insights me apregoavam a possibilidade de alcançar este singelo objetivo. A cada possibilidade não externada, ou a cada idéia esquecida, ficava completamente emputecido pela incapacidade a pregar cada idéia a uma folha de papel. Ou não tinha papel à vista, ou tentava fincar esta na massa cinzenta deste que vos expele seus pensamentos.
Aos passos dados idéias brotavam como se eu estivesse visualizando uma nascente de água, e tudo corria tão rapidamente que não conseguia segurar nada, ia andando e as palavras brotando em minha mente como cogumelos que nascem da merda bovina. Em conjunto a estas, logicamente vinha a frustração de não conseguí-las traduzir a mim mesmo, ou melhor articulá-las.

A cada estação vencida do metrô, a cachoeira de idéias vinha como um furacão de água e como tão rápido vinham, mais rápido iam ao nada, ao enorme fosse negro do total esquecimento. E como de costume. Raiva acoplada a essas experiências.
Certo dia saí da estação de trem mais próxima da casa de meus pais, impregnado de palavras, idéias, enfim mergulhado nas minhas visões. Crente que quando abrisse a tela do computador estas brotariam como uma tempestade em dias de verão, daqueles que caem como balas de rifles disparadas por um maníaco. A cada rua ultrapassada sentia que minhas palavras se esvaziavam do meu couro e acertava mais o passo e mais rápido andava afim de logo chegar em casa. Faltavam vencer ainda algumas boas quadras e andava tão rápido que decidi correr. Se ao menos tivesse algumas sujas folhas de papel poderia sentar em algum banco sujo e lá depositar estas visões, mas como Deus, esse todo poderoso velho filho da puta não da asa a um anjo sujo como eu e nem a cobra, eu corria, e como corria. Tentava perfilar todas as idéias, do começo ao fim. E quanto mais me prendia a não perde-las, mais elas escoavam de minhas pobres mãos como um rio que desce rumo as suas planícies. Venceria a última rua e tentei tatuar estas idéias na minha cabeça, e mais pensava em abrir logo o portão, vencer as escadas sem que ninguém viesse a ter comigo um diálogo besta como sempre teriam a protagonizar. Avistando a rua de casa, uma imensa alegria preenchia meu corpo. Quando lá chegar poderia me esvaziar como uma grande represa explodida. Mais parecia querer cagar de tão estranho e rápido que caminhava. Estava similar a um idiota que com o buxo cheio de bosta teria de defecar tão rápido que de tão rápido que caminhava o bolo fecal parecia telegrafar minha cueca. Vencido o portão, a escada, a porta de casa faltava rumar ao computador e lá depositar meu enorme bolo fecal constituído de várias idéias.
Adentrando a casa e adrenado, faltava ligar a maquina, depositar meus pertences n`algum lugar, tomar um bom gole d`água e esperar o sistema operacional iniciar a maldita maquina e comecar. Sentado a espera do ritual de iniciação de mais alguns textos
E lá vem, abre-se o editor de texto. Caga-se se come parágrafos e nada que preste.
A raiva começava a comer o sistema digestivo deste. Pensava nos grandes, a minha mente corria por Miller, Dostoiéveski, Kafka, Camus, Hemingway, o velho Buk, Niestche, Ginsberg, e muitos que me acompanharam nestes anos, e o que estes demônios fariam no meu lugar. E as porras dos parágrafos não se constituíam não se reproduziam e eu como um mobral catando milho das idéias e tentando achar as espigas que me haviam inundado.
Mas pra variar, porra nenhuma.
Saia do quarto ia a sala, tomava um gole de um JB de meu pai para tentar aclarar visões, mas apenas um bolo no estomago depois de alguns tragos. E voltava a maquina que comia minhas idéias e começava a esmurrar o teclado com raiva a fim de achar algum parágrafo que fosse algo de um pouco de qualidade, um “que” de palavras juntas que púdesse me contemplar. Mas zero. Um enorme zero à esquerda apenas isso. E quando pensava ter escrito algo da qualidade de uma cerveja barata mais frustrado ficava e nem revisava a merda do escrito, aliás, preciso obter essa qualidade a de um revisor de meus escritos.
E quanto mais afundava em parágrafos infundados mais mentia a mim mesmo, pois sabia que as malditas idéias que tinham vindo há horas passadas em algum lugar tinham se esvaído no mar de lamentações, correria, atenção, enfim tudo tinha ído por água abaixo completamente.
Pois é. É assim que as coisas caminham, ou teimam caminhar. Pode ser uma espécie de tarefa a ser trabalhada num outro momento.
Hoje as coisas caminharam mais ou menos da mesma forma. Só que diferentemente do passado não saí correndo pelas escorregadias ruas, com medo das escorregadelas de minha memória. Relaxei. Deixei pensamentos vir e ir, passando minha retina pelas paisagens da grande cidade tentando relacionar estas idéias com alguma coisa que valha.
Relaxei. Apenas isso.
Revisar? Reler isso aqui?
E a tal história do diamante bruto, que quanto mais bruto, menos brilha. Ou que quanto mais lapidado mais pode mentir.
Sofisticação. Com isso não me preocupo.

Desembarque

domingo, julho 30, 2006

Refazer

Preguiça.
Reler e refazer o texto abaixo

quinta-feira, julho 27, 2006

O Cúmplice

Embarque

Eu resolvi seguir seus passos, sempre que pela mesma rua passava sentia aquele olhar perturbador, digo o meu. Uma enorme necessidade de saber o que aquele verme estaria fazendo naqueles dias depois de ter-me golpeado por trás. É verdade, eu tinha uma certa sede de saber porque tal fato motivou a ira daquele filho da puta a golpear-me pelas costas. Sabendo disso, eu comecei a seguir seus passos e diariamente percorria o mesmo caminho a fim de alcançá-lo um dia sozinho e proceder com algumas perguntas a ele.
Quando saía de casa sempre pesava a minha consciência as lembranças do gosto de sangue que percorria pela minha boca, e se esvaia por minha garganta. Lembrava de seu sádico sorriso e deus cupinxas ao golpearem minha cabeça. Não consegui de forma alguma esquecer aquele brilho amarelo de seus dentes separados. Pode-se dizer que era um sentimento –por vezes- meio sádico de minha parte a lembrar de certos detalhes, principalmente os de expressão que me reportavam ao fato.
Semanalmente presenciava chegar o ódio a minha maxila e começava a serrar meus dentes. Sempre essa serração chegava com a lembrança dele. Ficava absorto submergido ao lugar que eu presenciara há anos atrás. Num dia, numa rua qualquer de meu bairro de infância o vi, e como a tempos não o via resolvi seguí-lo a passos largos afim de encontrá-lo a algum espaço resumível a meu favor e esbofetear a fuça daquele sujeitinho.
Num certo momento me escondi num arbusto, pois ele parou numa banca de jornal e olho para trás, imaginando – penso- estar sendo seguido, ou mesmo, ele possa ter lembrado daqueles minutos aos quais foi surrado. Será que ele lembraria disso? Pouco importa.
Pensava apenas em encontrar aquele filho da puta e enfiar um garfo torto e enferrujado em sua garganta fazendo-o engolir de forma passar a ele a mesma sensação que engoli há anos.
Ao sair da banca de jornal, ele entrou em seu prédio, ou penso que o fosse. Fiquei por alguns minutos indeciso a porta do prédio, não sabendo o que fazer. Dei a volta a quarteirão e encontrei sua janela, me escondi para que não me observasse.
Que poderia eu fazer numa situação daquelas. Subir a seu apartamento, pedir licença a seus familiares e esmurrá-lo até que sua face se desmanchasse em meus punhos, ou esperaria ele a sair de sua casa fora da visão de sua mãe e o mataria a poucos e certeiros golpes?
Que faria eu? Seria mais covarde que ele? Largaria minha sede de vingança e voltaria a meus trabalhos. Resolvi subir.
Ao observar sua janela tentei ver com mais clareza em qual bloco ele morava. Achei.
Pensava comigo mesmo, como abordaria aquele homem.
E se ele ao abrir a porta, já me lançasse um golpe? Fiquei mais tenso e a boca seca parecia ressecar todo meu corpo, principalmente meus punhos serrados. Decidi subir. Ao passar pelo porteiro disse que iria ver um síndico do condomínio, falei que era de uma revista de anúncios de condôminos, o idiota prontamente indicou-me ao apartamento do tal síndico, mas com meu objetivo intocado resolvi ajeitar a mochila que carregava. Chegando a seu andar, quando ia bater a sua porta voltei e uma súbita falta de ar me acometeu e fui jogado à cegueira por alguns minutos. Cai próximo ao degrau da escada e quando recobrei minha consciência, o referido rapaz ajudava a minha recomposição, e o pior ele nem fazia idéia de quem eu era. Rapidamente buscou um copo com água e o porteiro veio a meu socorro prontamente dizendo que eu tinha me dirigido ao apartamento errado, que o do síndico era um outro. Recostei-me a parede e fui lentamente tentando recobrar meu juízo, meu rosto eles diziam estava branco, perguntaram se tomava algum tipo de medicamento e eu sem pronunciar uma única palavra. Queria na verdade reconstituir minha consciência e sumir daquele lugar sabia que não poderia fazer nada naquele estado. Rapidamente pronunciei algumas palavras dizendo que estava tudo bem, e que teria de retornar a redação da revista a qual nunca trabalhei.
Sai correndo maldizendo a mim mesmo e querendo mais do que nunca enfiar um cutelo na barriga dele, com a impressão que fiquei por ter sido arremetido por um mal súbito, pensei que o medo tenha me inundado, ao imaginar que mais uma vez teria de ser jogado ao chão e apanhar como um cachorro sem dono na rua e pedir clemência aos céus. Não. Ele vai sentir o peso de meus punhos nem que eu tenha de preparar um plano para isso.
Sabia que agora aonde morava, poderia pular o muro num dia chuvoso e rumar a seu encontro sem tremer, sem mal súbito algum. Isso eu podia.
Dias se passaram, fiquei com uma impressão de medo e rancor que me faziam ter ojeriza da cara daquele sujeito, por isso teria de fazer alguma coisa. Sabia que minha saúde era boa, não das melhores, mas não havia uma causa para que ficasse tão mal como tinha ficado dias atrás.
Meu dia se aproximava, tinha delimitado um certo número de dias para que minha consciência se reconfigurasse e eu marchasse a seu encontro a fim de findar aquele ódio que corroia o estomago, punhos, olhos e maxilares e mais outras tantas partes do meu corpo.
Pensei pegá-lo na saída pela manhã ir a seu percalço até seu trabalho e lá fazer o serviço, que para mim a essa altura já era questão de honra. Como um arquiteto, novamente voltei a segui-lo, pelas manhas desta vez, fazendo o caminho que ele fazia. Ficava a uns cem metros de distância apenas observando seu trajeto e o perfazendo a cada centímetro meu ódio.
A manhã foi escolhida. Na noite anterior, preocupei-me em alimentar-me muito bem. Arroz, feijão, um pedaço de carne, ovos, uma taça de cerveja gelada e um bom cigarro após esta refeição. Ao me deitar refiz em minha cabeça todo o plano, fiquei por duas horas lembrando desde o dia que fui surrado por aquele merda, até pensando em como tal substância digerida em meu estomago pudesse ajudar-me na tarefa de findar a vida daquele ser.
Consegui pegar no sono. Ajustei o relógio para as cinco da matinha, para aproveitar que todos estariam dormindo, para pegar a chave de fenda que seria meu instrumento de trabalho para aquele dia.
As três e meia acordei com uma pequena alteração no paladar e com um pequeno suador no corpo, achava que fosse algo da minha imaginação ou mesmo que fosse minha concentração demasiada nos meios de chegar a meu objetivo.
Dali à uma hora levantei com uma enorme ânsia de vomito, que irrompeu pela minha garganta a jorros de suco gástrico, meu traseiro assava e sentei-me no vaso e um jorro de merda quente como piche se esvaia de meu cu como uma cachoeira, fiquei por quarenta minutos cagando água negra e com a cabeça recostada a pia vomitando. Sabia que algo poderia acontecer, não seria aquele dia que daria cabo do serviço.
E dá-lhe suco gástrico no estomago a me importunar pelos dias que se passaram. O plano estava construído, pegá-lo-ia na saída de casa ainda com o dia a raiar e fazê-lo engolir seu próprio punho.
É amanhã! Pensava comigo mesmo. Na noite anterior resolvi me prevenir e comer apenas arroz, feijão e um pouco de ensopado de frango. Nada de cigarro ou cerveja. Ao deitar, da mesma forma, por volta de duas horas a dormir repensando tudo, do plano ao jantar, de plutão ao astro sol.
Dormi, ao acordar tinha percebido que a pilha do despertador tinha acabado no meio da noite. Não quis prolongar minha ira, me vesti com algumas roupas e sai correndo a seu encontro. Chegando a seu condomínio esperei por alguns minutos e nada, a luz ainda acesa estava e decidi subir. A cada lance de escada que subia sentia a secura atacar novamente, como o porteiro estava cochilando e o portão aberto consegui desvencilhar-me da portaria sem que ninguém soubesse que tinha ali retornado. Frente a frente a sua porta,a luz acesa da janela me dizia que ele ainda estava lá. Três batidas a porta. A campainha não funcionava e ódio me corroia, pensava porque aquele verme não abriria logo a porta, e eu não poderia arrombar seria muito escândalo para aquele horário. Esperando e angustiado a porta se abriu e sua mulher atendeu-me, com um fio de couro a mão ensangüentada e totalmente nua com um olhar fixo de terror. Pediu para que entrasse em seu apartamento. Quando adentrei o recinto ele estava completamente revirado. Meu olhos corriam pelo lugar, e também pelo seu belo corpo. Tinha uma deliciosa bunda branca e grande. Quando sai da sala e entrei no quarto observei o filho da puta com os olhos esbugalhados e com um vergão no pescoço e um gordo fio de sangue que saia de sua boca pingando no chão. Ela pegou na minha mão e recostou sobre sua boceta molhada e também ensangüentada. Começou a morder-me o pescoço e o lóbulo de minha orelha direita, acintosamente pedia com seu gestual que eu massageasse sua enorme e molhada boceta, o fiz e ela agarrou meu pau que pulou pra fora da calça num supetão. Aos olhos do morto começamos a trepar como cachorros no cio, ela envolvia o fio ainda sujo em seu pescoço enquanto eu a penetrava ferozmente e a cada estocada percebia que meu pênis a ela parecia uma faca que rasgava suas tenras carnes. Ao manipulá-la quando cavalgava em meu membro sentia seu apertando cu a mastigar meus dedos. Besuntei meus dedos e afundei naquela apertada válvula, e quanto mais apertava ela se retorcia mais e mais e ia apertando o fio ainda mais a seu pescoço. Eu mamando em suas grandes tetas parecia querer suturar o bico de seus seios a minha língua.
No sofá joguei-a de costas besuntei seu cu e enfiei, quando a apertada válvula se abriu sentir um esgar de sua parte ao compasso que ia me despejando mais e mais a seu corpo, sendo observado pelos pés de seu marido morto, pés estes que estavam para fora de seu quarto.
Quando ia gozar parava por alguns minutos e apertava mais o fio a seus pedidos e enfiando mais a mão em seus túneis fazia com que ela uivasse em silêncio. Me introduzi totalmente em seu cu, sentimento minhas estocadas percebia que ela olhava ao morto como que dizendo que ela sabia que eu tinha ido a matar-lhe e que mais valeria a pena, ela o matar e esperar para que eu a brindasse com um banho de porra. Banho este que foi dado em sua válvula e também em suas costas.
Quando estava me limpando ela enojada de si, imagino pegou uma faca e enfio em sua boceta ainda úmida, fiquei completamente aterrorizado ao observar aquele ato de selvageria com seu próprio corpo. Ela enfiava mais e girava dentro de si, chorando e rindo ao mesmo tempo.
A loucura daquela fêmea tinha atingido seu andar mais alucinado quando começou a pedir que eu a penetrasse por trás, a faca ainda introduzida a sua ensangüentada boceta preenchia a minha visão com um espetáculo de horror e tesão ao mesmo tempo, sentia um comichão correr meu corpo. Ela enfiava a faca até o cabo e retirava ela banhada de sangue grosso, de repente começou a voltear-se sobre si parecia tonta, quando ia cair a peguei e ela pedia que eu a enforcasse com fio que a essa altura já tinha caído ficando muito próximo ao senhor filho da puta a quem achava eu seria seu marido. Peguei o fio negro dei uma volta no seu pescoço e comecei a estrangulá-la. Percebia seus seios de enrijecerem, e movendo minha mão a sua boceta ensangüentada apertava contra sua falha em frangalhos de carne viva. Percebi que ia amanhecer e teria de fugir dali rapidamente se não quisesse ter de dar explicações aos senhores da lei. De um rápido movimento desloquei seu pescoço fazendo com que suas articulações se despedaçassem e ela rapidamente repousou em meus braços. Retirei o fio em volta de seu pescoço, eu o levaria para que nenhuma pista minha fosse possível de ser encontrada. Meu problema a essa altura seria sair do prédio sem que ninguém me visse.
Dei uma rápida e sorrateira afastada na cortina. O porteiro já havia sido despertado de seu cochilo. Teria de trocar de camisa, pois a minha estava suja de sangue, entrei no quarto deles vendo o corpo do verme estendido na cama, dei uma cusparada gorda em sua cara, ao lado havia uma pilha de roupas. Peguei uma camiseta branca. Retirei a minha camisa, dobrei-a e coloquei em meu bolso, vesti a outra e minha atenção novamente se prostrava a quais possibilidade de saída daquele apartamento eu teria sem que fosse avistado.
Enrolei o fio, joguei no outro bolso e fiquei observando ao lindo corpo ensangüentado daquela mulher e pensando como faria pra me livrar daquele grande sanduíche de merda que eu tinha participado. Uma boa possibilidade seria pular pela janela, pensava. Mas se eu caísse e rompesse com os ligamentos do joelho seria a prova cabal de que eu estava metido até o pescoço com aquilo, mas também haveria a possibilidade de me dar bem, ou seja, pular cair e ninguém reparar em nada.
- São sete da manhã. Falei comigo mesmo.
- Que faço agora?

Decidi abrir a janela e visualizar a área detrás do edifício. Poderia cair nessa área, ir pelo estacionamento e pular rapidamente o muro, lembrando que nenhum vestígio posso deixar aqui, ou cair de meus bolsos.
- É o que farei. Pensava com meus botões. Pulo e saio correndo de espreita.
Ao pular teria de ser muito rápido, passar por um jardim e chegar ao estacionamento para assim chegar ao muro e dali fim dos problemas. E foi o que fiz. Como eles moravam no terceiro andar do prédio enfiei-me pra fora da janela sem que fosse avistado, fui escorrendo e me segurando a parede até o que possamos chamar de segundo andar e meio.
De lá soltei meu corpo, parecia um vôo. Um vôo a liberdade, e chegando ao chão correndo ao encontro do muro tropecei, mas nenhuma das provas caíram. Pulei rapidamente o muro e já estava a outro terreno contíguo ao prédio. Fui calmamente caminhando ao supermercado mais próximo a fim de comprar álcool e fósforos e foi o que fiz. De lá a um terreno baldio a algumas quadras da minha casa.
Sentei num tronco queimado e lavado pelos anos, um pedaço grosso de tronco que ninguém conseguia retirá-lo dali e o queimavam sempre que pudessem. Retirei os pertences de meus bolsos, esvaziei-os para que não restassem dúvidas de minha idoneidade.
Abri a embalagem de álcool os lavei como também a minha mão e lancei os palitos acesos de fósforos. As chamas comeram a minha camisa e retorciam o fio. Fiquei ali observando aqueles pertences minha camisa sendo devorada pelas chamas e o fio, o instrumento do primeiro assassinato imaginava eu.
Olhava os espaços de meus dedos ainda avermelhados pelo sangue da boceta daquela gostosa assassina. Quando me deparei com um fato. Estava eu vestido com a camisa dele, com a camisa daquele que parecia ser o meu fantasma de infância, será que com ela ele me vergastou naquela manhã de anos atrás?
Tentei lembrar, mas de nada adiantava a aquela altura do campeonato. Adiantava apenas me livrar daquelas coisas e me lembrar que ela -sim ela- aquela proprietária daquele corpo santo que lavou minha mão com seu sangue quente, ela a quem desloquei seu pescoço tinha dado cabo do filho da puta.


Desembarque

sexta-feira, julho 21, 2006

Palavras

Embarque

A espera de alguma situação que configurasse a possibilidade de uma escrita acabada. Mesmo sentindo um ódio imenso às vezes pela impossibilidade da imposição na forma textual de minhas idéias, ainda assim retorno a este corpo a dar sempre meus últimos suspiros e que na verdade não serão finalizados tão cedo – assim imagino.
Quando se começa a expor as coisas dessa maneira, parece que um verme que rasteja em nosso corpo nos obriga a sempre retorna, como uma visita a uma lápide não acabada. Sempre, ou melhor, desde minha primeira aparição ao mundo das palavras assim tem sido. Posso não escrever textos primorosos e saio da frente do computador querendo –às vezes- esmurrar o teclado, ou minhas idéias, qualquer coisa que valha.
Fico enfastiado. E o pior, já saio explanando a minhas próprias orelhas novas formas de armazenamento de minhas idéias para melhor aproveitamento destas num futuro não muito distante. O artifício da escrita assim me parece um exercício viciante. Pior que narcóticos, álcool, enfim destas coisas que citei, a escrita imprime uma tatuagem em nossa caixola a cada novo bolo textual enxertado no mundo.
A cumplicidade entre as imagens guardadas na minha caixola e articulação da mesma no exercício peristáltico da introdução destas memórias no mundo dito real, me causa espanto. O não controle da memória por soltar, ou o esconder imagens me frustra, tal qual os erros gramaticais que cago no mundo. Atualizo diariamente os temas que serão abordados por mim, e edito passagens recortando o que entraria ou não nestes, mas tudo isso num passe muito rápido. E essa edição foge a meus dedos ao ser atraído por alguma imagem qualquer. Os olhos são mais rápidos que os dedos e não consigo condicionar tão rapidamente em escritos o que minha mente capta por milésimos de segundos, e isso me enfurece de sobremaneira.
O vagar de minha lembrança me faz adquirir fórmulas só por mim testadas na vã possibilidade de um certo aprendizado mais regrado nestes campos da escrita, mas tudo por água abaixo, pois dali a segundos, estou mais preocupado com quais palavras que usarei para expressar de forma mais encarnecidada tal fato e isso me faz carregar de um lado a outro um trilhão de idéias, mas sem possibilidade de exercício algum por parte destas lembranças na transformação de idéias em texto.
Tento um trabalho que tem de ser mediado pela escrita. Uma tarefa difícil e por algumas vezes chatas a cumprir nestas próximas semanas. Não posso falhar de maneira alguma, e as palavras agora precisam me ajudar.
Por vezes as xinguei de tão raiva que sentia por não achá-las, fiz quilos de arquivos de palavras em minha cabeça, as escrevia de forma tão usual que pouco a pouco passei a arquivá-las em linhas de papel que mais pareciam receituários de ódio.
Agora preciso me desculpar com as palavras, pedir seu perdão, retorna ao núcleo desta, como se fosse a primeira coisa que fizesse ao nascer. Desculpem-me palavras todas unívocas. Peço perdão a todas vocês pelo descalabro de anos e pelo mau uso de eras. Agora preciso de sua ajuda.
E não sumam de meu horizonte, bastardas!

Desembarque

terça-feira, julho 18, 2006

Cortiço

Embarque

Eu tinha tantas coisas organizadas nas gavetas da minha caixola que estas tantas coisas estavam dispostas a servirem de acordo com os usos que fossem quais fossem as necessidades lançaria mãos a estas lembranças que vagueavam como naus no infinito mar.
Ao ser lançado nas correntes revoltas dos meus pensamentos visualizava imagens de minha infância e juventude, e como estas tinham marcado em mim uma memória avessa a que tinha sido construída através dos reveses de nossas vidas. Recordo-me de diversos fatos e como estas foram cindidos em meu corpo.
Atravessando este imenso aterro de impressões, reportando e recortando muitas das minhas viagens ao centro do meu ser, lembro-me de um dia destes, enquanto visualizava o matraquear verborrágico de um circulante no centro da cidade como minha cabeça viajava pelos confins da minha memória.
Grandes merdas tudo isso...
De que importa este paupérrimo texto...que vai do nada ao lugar nenhum. Tenho quilos, caralhadas, montanhas, toneladas, litros de textos a ler.
Umas parcas semanas a dar conta de estudo, e voltar ao trabalho. Mas que penso dessa vida medíocre e chata.
O vai e vem de sempre, e eu tentando a todos enganar, ou com sorrisinhos amarelados falsos, ou com um pretexto de diamante verbal localizado a este endereço, tão pobre e idiota quanto eu.
A raiva que sinto de ter-me apercebido do quão igual a um escaravelho rola bosta que sou, que tive de recompor a uma idéia do que ia escrever arquitetando e organizando na cabeça, tudo nos seus mínimos detalhes tal qual um vira merda que vai rolando na terra com um borrão de bosta.
Acho que nunca usei de tantos palavrões pra me expor aqui. Isso é triste, me refugio ao lugar comum, perdi, zero, vazio. Escoltado ainda pelas memórias e agora pela raiva.
A incapacidade do ser. O porvir, devir, sorrir, fingir. Fingir.

Desembarque

quarta-feira, julho 05, 2006

O orvalho que lava feito lava

Embarque

O olhar se apresenta aos tons azuis cintilantes do alvorecer, e meus olhos remelentos e lentos ainda que estão num zunido de sono se fecham a lutar por mais sono. Todo dia assim tem sido. E forço a pupila abrir ao mundo, feio por ser cedo é verdade. Mas a maré caminha desse jeito, e já que esse barco ruma deslizando ao porvir me aprumo e vou adiante, deixando o útero da minha quente cama pelas nuas calçadas banhadas pelo orvalho da noite que escorre das janelas das casas.
São tantas coisas a amarrar a atenção que o sono se esvai, juntamente aos passos deixados a metros atrás, segundos passados, memórias trocadas e pensamentos salvos. Adentro a esfera lúgubre do diversos caminhos às diferentes localidades, e exercendo o caminhar dirijo-me a estaca zero do amortecimento corpóreo a prostrar-me num gélido banco, o sono me traz de volta a sensação do útero quente. Mas é passageiro e sou também passageiro. Sentado e sem encosto para minhas costas, espero o navio que me conduzirá sem volta ao raiar do dia.
A fila de escravos se compromete a luta por assentos no navio, observo os sorrisos que brilham sem sol, e me pergunto como conseguem. Mas isso até ser conduzido a minha passageira cela de trinta minutos. Já devidamente encarcerado persigo o resto de sono que ainda parecia vivo, mas como de costume, as pupilas já estão salientemente abertas demais para que seja novamente decretado o cochilo. As paisagens começam a dançar, umas corretamente perfiladas a outras num encadeamento chatíssimo pra serem lidas tão cedo. Outros navios passam, outros portos, outros escravos, outros cansados, outros olhos remelentos, outros lentos. O balanço desta embarcação faz com que muitos vomitem, e lá vem de tudo que possamos imaginar. É um vômito meio seco, que escorre como pasta de dente das cloacas verborrágicas, e depositam-se sobre fendas na minha memória e vão concretando minha atenção a esta suja substância.
Meu porto de desembarque se aproxima. Tenho de esforçar-me para que meu corpo se desprenda de minha cela. Uma vez solto, rumo ao fim da embarcação. Sacudo a sinaleta ao comandante, que tangenciando no mar dos porcos vivos e mortos, deposita minha sonolenta carcaça ao porto de destino. Agora tenho de subir a passos largos a fenda chamada rua. Entrando nesta definitivamente a lembrança do útero quente vai ficando para trás.
O que sobra são apenas as visões. Um infinito emaranhado de sensações delegadas pelo sono.
O que resta são das diversas possibilidades do resto do dia. Dentre estas, certamente o cansaço reina.
Infinito, vivo e reinante delimitador vír-a-ser...Cansado que seja...Vír-a-ser cansaço no útero cansado do cotidiano

Desembarque

quinta-feira, junho 08, 2006

Teodorus Amarellus Jeremias Juvenal

Embarque

Ele fica deitado aqui a minha frente, mas antes disso subiu por mim como quem sobe para o morro afim de buscar alguma substância. Esse filho da puta de aspecto doce e carinhoso não dá a mínima para nada, o negócio dele e comer e sair por aí desfilando o verniz de sua cara de pau como se fosse o rei da selva.
Costumeiramente ao citarem em rodas de amigos que teria de dividir a casa com este ser sujo, eu refutava de primeira. Dizia os contras de morar com um indivíduo que come as próprias sujeiras com sua língua áspera que mais parece um escovão de privada. Digo isso porque neste início de semana este ser a quem homenageio com estas linhas, deitou-se próximo e começou a lamber-se de maneira muito própria e satisfatória, quando percebi o mesmo estava enrolado a meus braços chupando suas patas quando sua língua resvalou em meu braço...
Neste momento depois de Ter usado este que vos escreve como suporte a subir nesta mesa deitou-se como o rei que pensa ser e a observar os seus súditos. Nessa ordem – o sofá, a mesinha no centro da sala, o espanador de pêlos, a caixa de fósforo, o isqueiro, a agenda, o controle remoto, e claro eu também deveria ser listado nessa lista do rei. Ele volteou-se pela mesa observando cada súdito seu com uma certa indiferença é verdade. Veio até mim, cheirou minha orelha, volteou-se novamente e deitou jogando ao chão uma agenda rosa e biombo de discos. Colou seu pequeno rabo noutra agenda e desmaiou neste exato momento.
A moral da história? Não há. Até porque ela não acabou. Acabado teria se este verme na semana passada não tivesse voltado a seu reino, deixando seus súditos tristes e depressivos.
Miaaauuuuu!

Desembarque

terça-feira, junho 06, 2006

mais e menos

Embarque

Gradualmente já estou morto.
Especialmente como anteriormente dito, a indiferença que nos permeia foi exaustivamente a tempos testada...
Afundar-se no mar da indiferença foi o marco na tentativa de apoderamento da vida. O mote central sempre foi a morte.
Não com medo da mesma, mas como linha processual de um caminho a ser seguido de uma forma ou de outra.
Sem medo, lido em algum lugar..."Não tenho tempo de temer a morte". Ela faz parte, estou vivo e pulsante.
Mais tempo, mais vida, mais linhas, mais sangue, muco, ar, dor, urro, menos pêlos, mais pernas, lingua, dedos, saliva...
Enfim...tocar o barco.


Desembarque

quarta-feira, abril 26, 2006

Eu vou tomar banho agora.

Embarque

Era como se eu caminhasse pela rua à espera de algum afago da multidão sem rosto. Quando chegava a esse estágio, estava sepultado o amor próprio que eu tinha pela forma como pude me estabelecer como homem. As pessoas, elas mesmas, eu as via caminhando soltas pelas calçadas sujas da imensa cidade que cabeça de cachorro, e sentia o fétido hálito que vinham de suas bocas, principalmente quando estas se escancaram na perspectiva de romper o silêncio que jaz dentro de seus próprios corpos. Ao correr por estas ruas eu queria também perder meu rosto e que minha identidade fosse suprimida pela grande coletividade formada por grandes jumentos que são e que gostam de se empanturrar com tanta idiotice.
Por vezes e mais vezes sentia a necessidade de afundar-me no solo e sumir deste reino pútrido da maluquice que todos teimam em carregar, suprimiria meus sentimentos mais nobres pelo total desaparecimento de minha pessoa afim de deixá-los todos em paz, sou um fardo até pra mim. O que não dizer para os outros.
Poderia a esta altura da vida tornar-me indiferente a tudo e todos que me rodeiam, arrisco dizer que seria de bom grado e talvez até saudável, mas essa perseguição por essa indiferença só demonstra minha fraqueza diante dos fatos que rasgaram minha pele por anos a fio enquanto eu buscava uma saída. E essa, revestia-se de sentimentos tão diferentes que eu fui um turbilhão tão mal talhado que tem razão os que por mim tomaram certas impressões. E mais saudável seria sentir a indiferença desse tal reino, assim poderia eu, o pequeno rato saltitante, aprender com essa coisa. A grande indiferença pela vida.
Talvez eu seja demasiadamente romântico, como nos dizeres de Mencken, aumento tudo a uma escala desproporcional, e a meus olhos tudo parece tão sublime que mesmo a pobre multidão em derradeiro percurso tem seu toque singelo e único.
Ao calcular esse apego pelo aumento de um olho nu, eu compreendia que assim deveria ser feito, que esse próprio desapego pelo pé no chão fosse um toque romântico de outras formas de percepção da vida.
Hoje compreendo que posso aumentar o tamanho de uma infinita pulga apenas por capricho próprio, por querer me enfastiar a qualquer custo com algo que possa ser classificado como um inenarrável tipo de sentimento nobre por algo. Nessas andanças que tive pela vida compreendo este tipo de calculo que diariamente faço e assim as impressões do passado são variavelmente aumentadas e pode ser que aquilo tudo não necessariamente fosse aquilo tudo. Mas de que importaria eu dizer hoje que não aquela pulga não seria tão grande, ou que o cachorro que achei tal pulga é demasiado pequeno, ou mesmo que eu estivesse sem óculos por tempo, ou mesmo alguma coisa relacionada a isso. Quem garante a propriedade das lembranças, ou melhor, quem garante o caráter não manipulador destas imagens?
Não importa na verdade. Se fosse mesmo indiferentes a isso, estas linhas não teriam sido paridas nessa tarde de profunda preguiça.
Até o exagero de minha preguiça é demasiado grande, tarefas a dar conta e uma série de etapas a processar e a ultrapassar e protelo até o infinito para ficar olhando a imensidão do firmamento sonhando estar numa praia, campo ou noutro planeta deste sistema ou de outro sistema.
Articulado ou não, diferença isso não faz mais. O olhar se articula a enxergar o que quer e o que reconhece enquanto indentificável. O meu olho pode exagerar, posso alterar a quantidade de emoglobina no sangue, ou a impressão de uma foto pode tomar imensa proporção e sabe-se lá porque fui talhado dessa forma. Um dia me peguei pensando na minha infância e como em alguns dias eu teimava em sair de casa e lutava com minha mãe pra ficar em casa quieto e indiferente, mas é claro que pensava nas malditas lições de matemáticas que poderiam ser passada pela professora a qual eu tinha uma paixão secreta e mesmo assim, mesmo com a possibilidade de ver aquele grande quadril eu relutava a ir vê-la mas ficava, ou melhor, tentava atingir o núcleo de um eu que não existia. Esse núcleo imaginava era construído com indiferença de todos por tudo e qualquer sentimento que naqueles dias vinham assolar meu humor.
Sem dúvida, minha estada neste reino tem sido uma imensa procura pelo sentimento da indiferença do desapego por tudo. Compreendo que eu possa nunca achar essa qualidade em minha caixa de qualidades, mas mesmo assim reconheço desde os primórdios essa busca.
Quando naquelas tardes ensolaradas eu inventava alguma doença repentina, ou aquela dor que as vezes dava na minha próstata e com dez ou onze anos de idade procurava o silêncio de meus próprios sentimentos. Um silêncio que de tão silencioso fazia tanto barulho e via que nada adiantava e que muito silêncio era muito ruído que cansava meu pobre ouvido.
Por isso ao andar e ver a pobre humanidade caminhar perdida por estar ruas eu sentia pena. Pena deles e de mim.
Não vou repassar o texto.

Desembarque

sexta-feira, abril 21, 2006

Neil Young - "Old Man"

Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were

Old man look at my life
Twenty four and there's so much more
Live alone in a paradise
That makes me think of two

Love lost, such a cost
Give me things that don't get lost
Like a coin that won't get tossed
Rolling home to you

Old man take a look at my life
I'm a lot like you
I need someone to love me
the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true

Lullabies, look in your eyes
Run around the same old town
Doesn't mean that much to me
To mean that much to you

I've been first and last
Look at how the time goes past
But I'm all alone at last
Rolling home to you

Old man take a look at my life
I'm a lot like you
I need someone to love me
the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true

Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were

quinta-feira, abril 20, 2006

Amorfo

Embarque

00h15. Editor de texto aberto afim de receber palavras e mais das mesmas. Da minha caixola um enorme vazio, faço e refaço caminhos perpassando todos os pontos que precisam ser melhorados mas não consigo transformar todos pontos em texto. E fujo pra liberdade de outro tipo de escrita.
Sim eu iria escrever coisas hoje a noite, já vi que dessa noite nada brotará, e olha que ao esfregar e enxaguar os pratos o arcabouço estava todo montado na memória, mas paciência. Amanhã é um outro dia, e quem sabe consigo fugir da estagnação criativa que me aflige a alguns meses.
E estes dias tem sido todos bem difíceis. Vontades que sufocam meu corpo, e como um faminto que não quer comer eu me resigno e tento respirar e dar tempo ao próprio tempo, que de tanto tempo já comeu meu tempo no passado. O ar às vezes parece tão pesado que como toneladas de rochas parece comprimir meu corpo e minha visão fica turva.
Nós, todos nós caminhamos a passos certos rumo ao desconhecido e este tal desconhecido pode ser tão morno, sem graça e infinitamente amorfo.
Todos sonham e bocejam momentaneamente sempre que possível...e...por onde se escorregaria mesmo estas palavras?
Tsc, tsc, tsc.
Fim...eu sou amorfo!

Desembarque

sábado, abril 15, 2006

M.Lanegan & I.Campbell

Honey child what can I do

Wishin', hopin', for that old familiar feeling
That takes you miles above, yeah it's called love
Would you do it for me
'Cause i'm feelin' lonely

Prayin', hopin', and i leave the door wide open
I see you and you catch your spill
But come and sit by me
'Cause i'm feelin' lonely

Maybe i'm a stupid fool
Chasin' butterflies like you
On these days they seem so cruel
But honey, child what can i do

Maybe i'm a stupid fool
Chasin' butterflies like you
On these days they seem so cruel
But honey, child what can i do

Honey, child what can i do

quarta-feira, abril 12, 2006

tsc

Embarque

Novamente sentado a espera de alguma idéia. E sem caminho algum uma porra de sede e por mais que litros e litros de água me banhe ainda sedento fico. Sabe por quê? Nem mesmo sei.
Ontem ao subir no ônibus vi uma senhora cantarolar a seu ente querido, ao menos assim parecia, que um dia qualquer ela conseguiria vencer a sua fraqueza e caminhar solícita pelo mundo afim de transformar sua própria vida. E ainda fico a pensar como essa senhora ainda tenta e relativizo com ela sem saber porque. Mas sabe de uma coisa, eu não sou tão bom assim como penso.
Ao vê-la deparei-me e depurei como caminho na terra. Tenho vontade de afundar minha cara suja na terra e sufocar-me de tanta raiva que sinto.
Sentado aqui arquiteto formas e mais formas de parecer normal e tento mudar mas sou um presidio em mim mesmo, preso pelas memórias e afogado pelo gosto da dor. Canso sempre do meu ranso e lanço as fortunas de um novo ser apenas em minha cabeça, folheio livros na espera de uma saída e canso de mim mesmo.
Viu! Aqui novamente estou e? E nada, nem torrão de açucar eu posso pegar e em enfartar disso, pois eu me canso fácil, eu preciso mudar e trazer um novo eu, como nunca consegui ser. Estou cansado, minha vida me farta, estou farto dos sorrisos, da comemoração furtiva sem sentido.
Agora alguém me diz aonde posso chegar? Eu sei, ninguém pode dizer nada e por este motivo me sento e tento mudar o caminho e articulo tudo na minha cabeça, mas nada muda e continuo como um jumento carregando meu pobre mundo e mudo fico.
Cansei-me de tudo, e de deste escrito.
Não devia jamais nada e fugir na imensidão do nada. Meses e dias atravessam minha cabeça como uma flecha.
Angustiado numa escada, fracassado, fraco, imóvel.
Tens medo? Eu tenho um caminhão de fracassos, e não quero o amor coletivo a reunião...Quero só...Só eu posso assim ficar sem nada, e assim sem poder articular. Um miserável, covarde, fracassado, vil.
Que tento aqui retomar? Um algo, uma antiga substância.
Devia nunca Ter crescido, ainda a ser aquele ser que ficava no final da sala escondido de todos e de mim mesmo a querer explodir as doces cabeças de todos.
Eu odeio o mundo e não sou o primeiro a externar isso. Nem articular mais nada, me perco no turbilhão do tudo. Um enorme fracasso em todas as extremidades de meu ser. Não quero ser melhor que hoje, o agora basta e um feixe de luz poderia tostar este lixo de ser.
Tudo isso para o que? Para o desfile pobre de um sorriso amarelo e sem graça, e sabe mais o que a falsidade que todos carregam.
Pra quê?
Pra onde?
Por quem?
POR NADA!

Desembarque

sexta-feira, abril 07, 2006

be quiet and drive (far away) - Deftones

This town don’t feel mine
Fast to get away
Far

I dressed you in her clothes
Now Drive Me
Far Away, Away, Away

It feels good to know you’re all mine
So drive me
Far Away, Away, Away

Far
Away
I don’t care where Just far
Away
I don’t care where Just far
Away
I don’t care where Just far
Away
I don’t care