quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Diarréia criativa

Embarque


A insustentável vida corroída pela indestrutível maquina das convenções pré-estabelecidas.
Tá tudo fodido e sem saída. Sem dinheiro, sem perspectiva, um ajuntamento de pele e mal humor temperado com um toque de displicencia e intromissão.
Correr pra fugir de nossos próprios pesadelos. Dormir afim de sonhar com a morte e o soterramento de sonhos e necessidades.
Ninguém sabe de porra alguma, apenas a verborragia formal engolida e regurgitada por semanas. Dê um tempo a nós mesmo.
Arranquem suas roupas! Já tentaram chupar seus próprios mastros? Conseguiram e gozaram.
A pasta escorre pelos lábios, e a linda flor ao menos tenta perfumar este quarto vazio e sem sentido, uma disposição cansada e morta.
Vida jogada pra lá e cá suando à beira do precipício de enxofre construido por milênios pelos seres intra-terrenos para nos matarem, os deuses da superfícies ou seriam os deuses da superficialidade e da mentira.
Plantar um sorriso amarelo esperando o reconhecimento da bagagem do cárcere criativo e da fileira do escravismo atual afim de entrar na grande senzala do consumo dos corações desesperados por amor luta vida e um pouco mais de desgosto ou gosto num arquétipo mentiroso de supressão e fuga.
Cuspir nos mares da ignorancia e da pobreza subindo pelos muros de sangue chapinhados por corações em fúria numa luta luxuriante por algo que prestasse nesse simulacro falso da realidade vivida e consumida como caixa de sabões em pó dispostos milimetricamente num salão de compras qualquer num lugar qualquer numa vida qualquer.
Diarréia criativa esboçada numa manhã de discussão e de chegada a diversos fin's costurados a muito tempo por este que vos fala.
Ao inferno com a vida! E pela vida ao inferno!

Desembarque

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Aritmia

Embarque


Fitas, livros, discos, fios, carteiras.

Informações dispensáveis num mundo informático de fluxos e refluxos numa cadeia de relações que te jogam num cárcere infinito de enlaces matrimoniais sendo um jogo sujo de poder imaginação dor e sofrimento numa perspectiva de destruição plena e morte que logo detrás de alguns morros de ventos uivantes são descortinados afim de a verdade ser vendada. O fim!
Constructos de frases certas nos lugares certos por pessoas certas e o errante afim da fuga é sugado pela mesma lógica que governa o mundo desde Maomé ou Alexandre ou qualquer outros destes nomes que tenham entrado para algum livro de contos e sabedoria da humanidade que escarra suas mentiras e regurgita após uma febre de milênios vomitando seres inacabados imperfeitos sujos e imaturos no mundo latrinal dos movimentos peristálticos do intestino humano. O jogo!
Cambalear pelas molhadas ruas beijando o asfalto que permeia e cede lugar a nossos impulsos dos mais lúcidos aos mais impronunciáveis numa aritmia dispendiosa de sacríficio e dor rasgando nossos colos úterinos afim de arrancar de nossas vestes a imagem do perfeito e do sujo que jaz nestas entranhas temperadas pelo úmido cair da garoa que nestas noites suavizam os odores e espamos de horas de insônia e fome de vida! A serpente! A semente!
Cuspindo todos os fumos possíveis e chupando todos os dentes possíveis ao ver e ouvir uma história das mais loucas num vagão suarento de pobreza a morte de um cachorro vira lata depois de atropelado e o seu algoz com uma enxada desferindo golpes contra seu pescoço de frente a uma garotinha de 10 anos suplicando pela ajuda vida oxigênio e não morte. Sangue chapiscado na enxada e minha filha não chore o munod tratará de acabar com tais impulsos pois você é uma impura. Caminhos!

Desembarque

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Sacríficio

Embarque

"Quebrar um hábito, estabelecer um novo ritmo: recursos simples, de há muito conhecido pelos antigos. Nunca falhava. Rompa com a linha antiga, com conexões desgastadas, e o espírito se libertará, estabelecerá novas polaridades, criará novas tensões, convocará uma nova vitalidade"
Extraído de Sexus. Henry Miller

"Independência se adquiri com sacríficio e responsabilidade"
Extraído do filme Juventude sem arrependimentos de Akira Kurosawa.

Desembarque

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Embarque

Dias e mais dias se passam, rostos e mais rostos a minha retina captura e dispensa sem ao menos uma investigação mais apurada.
Dias difíceis! Que nos quais rompi com uma série de acontecimentos e situações que atingindo a este cansado corpo, derrubava minha vontade de respirar.
Muitos espasmos ainda consomem meu corpo, mas sei o que quero, e apenas eu sei o que sinto, como e quando. Dificilmente sairei ileso de uma condição de desespero que se prosta diante de mim, mas a vida é isso e nada mais. Talhos, marcas, cicatrizes, ferimentos, pus, dor, lágrimas, insônia, espasmos, vontades. É tudo isto e mais um pouco! É buceta, rola, braços, mãos e pernas. É um pancreas, figados, coração, pulmões, estomago, intestinno, bexiga, próstata, espinha, bílis, ânus, dedos, lingua, lábios, saliva e tudo mais que compoem esta carcaça viva que circula por ruas afim de fugir de seu próprio algoz. Seu próprio coração. Amar!
Reuna todos estes instrumentos acima citados, cole-os um a um e terá um corpo. Perfeito, pronto para ser introduzido na maquina louca dos dias atuais, a cumprir todas as convenções que todos cumprem todos os dias. Está pronto para ser mais um, igual a todos. A fazer parte do grande exército de formigas escravizadas pelo medo. E de suas próprias angústias reina seu oxigênio. Pobres, ou melhor, miseráveis de espírito. Perfeito como o grande senhor o planejou.
E com uma vontade imensa de ser mais um. De não fazer diferença, de seguir o fluxo maquinal que todos seguem.
Está pronto, agora vá adiante. Alinhe-se na fileira, seu número já foi separado e suas vestes de estopa estão indiscutivelmente em cima de suas formas.
A perfeição da vida é ser a morte transvestida de movimento.
Raiva? Não! Necessidade de oxigênio.

Desembarque

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

06h27

Embarque

Tudo decodificado e entendido esperando pela digestão. Entendi.
Ânsia de vômito.
06h27m. Bombardeio ao sistema nervoso.
Fim. Fim da linha, das lágrimas, do oxigênio e da força. Espero a tempestade que se forma no horizonte.
Eu sei.

Adeus

Desembarque

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Céu azul

Embarque

Banhos e mais banhos, lavando minha pele cansada e não consigo limpar minhas lembranças. Por que tudo não é como um banho, que quando tomamos lavamos nossa pele e assim estamos pronto por mais vida, deixando no ralo as lembranças ruins? Costurando as boas na mesma pele para que nunca mais saia.
Lavar-se de lágrimas não limpa o espírito, mas aprofunda a marca deixada e a esperança ainda reina intacta nos objetos. Cartas, fotos, desenhos. Lembranças.
O cheiro, as formas tudo traz o cárcere das lembranças, as nuvens tomam formas, o céu azul parece querer entrar me mim e eu nele. Me suga!
Me suga, me faça seu céu!
De oceanos espero o mais puro sal, para temperar minha vida e tentar me afogar nas revoltas águas e eu a tentar apaziguá-las tranquilamente no meio do desespero coletivo.
Queria abrir o toráx e extrair essa bola que se costura de lembranças num movimento infinito. Suguem-me todos, rasgem minha carne, não deixem pedaço algum a ser reconhecido.
Céu! Azul lindo assim...me chame...alguém me chame, me dê um pouco de sua preciosa atenção mundo.
Quero deitar em ti e brincar com nossas mãos como se o amanha nunca fosse chegar, e sumir pelas suas madeixas a me fazer criança novamente.
Céu... mostre-me a sua grandiosidade, estenda seu braço de nuvens a mim, a fazer eu deitar em seu colo a dormir, e a sonhar com o infinito toque de nossos corpos.
Grite com seus braços uivantes a fazer cócegas em minha barriga, a mimar, beijar.
Não chore quando eu deixá-lo dormindo sózinho para preparar seu café, estarei sempre morando dentro de ti...e por que sinto que mora tão caseiramente dentro de mim?
Por que céu eu sinto sua vastidão dentro do meu corpo cansado, e sei que nunca estenderá seu braços de nuvens e ventos e mesmo assim não consigo deixar de olhar sempre a ti.
Quando você toca minha face com seu carinhoso cair de águas, sinto dentro de mim a mais profunda paz e tranquilidade.
Pena! Homem algum desta terra não poder ter sentido isso como eu senti, quando um tufão, você levou-me a seu ventre e mostrou o real sentido da vida.
Eu sei céu. Sei que sempre ficará aí. Acima olhando meus passos, mas eu o quero dentro de mim ajudando a bombear o fluxos nossos corações, e construindo apenas um coração uno e indivizível.
Meu céu, minha história, minha dor. Minha vida segue como uma estrela cadente que passa por ti céu, e choro a não poder tocá-lo, senti-lo. Desespero-me por ter sonhado, arquitetado a felicidade e a nossa união na vastidão do universo se daria pelo momentâneo colapso de nossos corpos, num tufão que só você saberia produzir...meu céu, eu te amo.
Como conseguir caminhar por aí, sempre olhando para cima e vendo, ou mesmo sem olhar sabendo que você existe? Infinito e tão grande mar azul suspenso! A ver sua força em todos os lugares, a rumar ao desconhecido e vendo sempre seus braços de nuvens e a textura tão bem particular.
A chorar pelos quatro cantos do mundo a ver. Céu! A morrer e não apaziguar meu espírito esfomeado por ti céu.
A lutar dentro deste corpo, travando uma batalha entre eu e eu, a fazer (re)significar meus sentidos e que teus ventos mudem meu horizonte...Não...Não pode assim tristemente ser. Fim.
Desordem de idéias e amor



Desembarque

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

RESILIÊNCIA

Embarque

03h37:45
RESILIÊNCIA s.f. Propriedade dos corpos sólidos que determinasua resistência ao impacto de choques mecânicos.

Uma dor me persegue, bem aqui dentro do meu tórax e vejo a multidão, todos a correrem demais a procura do que nunca encontrarão. Correm para estacionarem. Seguindo o caminho da dor...uma coisa me incomoda nestes dias, uma dorzinha fina no peito. Penso estar atrelado a minha capacidade de ser resiliente com a vida. E principalmente com o atual estado.
09/02/2005 e algumas horas de sono após a euforia de minha cabeça em não querer descançar e meu corpo almejar morrer por algumas horas deitado no meu mundo fantasmagórico e vazio vendo os sonhos tentando escolher por algum que mais me contempla-se a seguir caminhando. Mas nada. Não sonhei, apenas um sono pesado, dolorido e não relaxante. Pareço acordar todos os dias 10 anos mais velho e mais cético. Um ceticismo que até então venho agora a ver desfilar na minha paisagem seja noturna ou diurna. Aquele que impede-nos de entregar aos próximos por descrença na possibilidade da felicidade. Não vejo pessoas. No metrô o que vi eram monumentos a descrença levados a enésima potência. Correria do fim de um feriado que poderia muito bem não ter existido. Toques de horror e raiva, encarcerados num foço qualquer de minha mente. A mentira dos toques.
Arrancar esse vento uivante que passeia pelo meio de meu peito e que faz da minha respiração um trabalho árduo de um operário numa siderurgica, a fundir o aço, extrair do minério o produto possível a milhares de sonhos céticos e pobres de vida.
Se entregar dói, desfazer certos caminhos que por muito tempo foram usados, deixá-los de lado, abrir uma picada nova no reino das folhagens. Ser só, não depender de ninguém para construir a própria felicidade, talvez esse seja o maior esforço a se fazer na hora do soterramento a um amor louco e puro, numa forma nunca dante's provada na vida. Esse amor foi uma picada nova aberta no seio de minha floresta corpórea, talhada com dor, sexo, vida.
Desfazer este caminho que por tanto tempo foi almejado, lutado, gritado com raiva as vezes por quem parecia merecer o nirvana de sua existência por tanto se fazer aperceber de que aquilo era o certo a se fazer.
Deixar a vegetação tomar tais caminhos e abrir outros, um facão e força de vontade para fazer novas trilhas...os mesmos caminhos ainda estão abertos, mas neles não consigo ver alguma luz que me diga se ainda serão trilhados um dia...abrir novas frentes e ainda sonhar com o uso de tais caminhos.

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terça-feira, fevereiro 08, 2005

sujeição a rendição de meu coração.

Embarque


Cai de corpo e alma e tudo o que resta deste indíviduo no reino das convenções sociais, parti-las era meu emprego, ser sugado por um vortex de dor e de autoflagelação. Reecrevendo a própria história e reescrevendo a própria humanidade que me diferencia dos outros. Segui caminhando e acreditando na pureza de minhas palavras e no sentimento que se esvai, rasgando e talhando novamente a renascida humanidade e continuo a reescrever a história. A ser o único capaz de romper com o círculos das convenções da cotidianeidade. Errar é acerto.
Água! Queria sê-la para de pias chegar a algum esgoto e depois a uma galeria e de lá algum corrego, rio, até desaguar no mar. E sentir que no meio de todos estou sozinho, a preparar mais um tsunami de amor, e novamente a elevar a animanidade a escala da humanidade reconstruída.
MInha fuga é desesperada por oxigênio e por vida, aos outros esperam isto ou aquilo e vou por alí novamente a romper comigo mesmo o círculo, ou melhor, tal invólucro da perdição, do medo, do sinismo, da sujeição às nossas porcarias convenções...medo de ter medo, medo do sofrimento, medo da escolha, medo do amor, medo de provarmos a felicidade que permeará a vivacidade de todas as cores e diferencialidade de cada textura que estamos acostumados a não ver.
Enfrentar um exército sabendo da impossibilidade da vitória, rumar ao desconhecido já alertado para a vastidão de ferimentos que produzirão. O reino das palavras exprimirá minha dor, angústia e felicidade.
Entrego meu cansado corpo à construção de meu próprio destino. Não faço mais questão, vivo cada dia provando do fim da existência da luz, e saldando o começo da escuridão, felicitando que a ela eu possa aceitá-la e num duelo passar incólume a mais uma noite fria e fluída.
Felicito-lhes, dias e noites, por fazer da minha vida uma dicotomia de momentos, a sujeição ao conflito e a dor a possibilidade da mudança só assim é possível e passível. Abaixo de um edifício dolorido corporalmente construído pelas calejadas mãos de um pedreiro da vida.
Destruo e construo, luto e me entrego...ao intemperismo da vida, a humanidade, o fim é começo.
Faço destas minhas palavras de alívio e de sujeição a estas condições, sem abaixar meu horizonte. É meu zênite que guiará meus passos e nada além da vida, da mais vivida e dolorosa vida me tira a possibilidade de tentar, suar, chorar, romper, cair e levantar, assim a prosseguir no cosmos de cada pessoa.
A eterna busca pela felicidade é permeada, pela eterna busca a infelicidade. Lados de uma mesma moeda e me acostumo com a impossibilidade de ter apenas um dos lados, até melhor. A infelicidade pode dar o rumo a este homem que vos escreve.
De súbito senti o punhal cravado em mim, no meu peito. Retirei-o e vi meu vulcão a pulsar, por amor, vida, sujeição a rendição de meu coração.

Desembarque

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

A morte criativa

Embarque


Duas serpentes, uma vontade apenas. Um touro e se eu algoz. Um fio de cabelo e possibilidade do mesmo ser o fio retalhador e o divisor de águas.
As serpentes estão depositadas em meu corpo, ambas necessitam assassinar a outra para reinarem sózinhas na vastidão de meu corpo. Lutam pela paz própria e por vezes peso minha vontade a uma ou a outra.
Um forte touro se atraca com a parede de madeira, seu inimigo um homem, apenas um homem. Também estão ambos com sede de sangue. A morte criativa para ambos, a luta.
Um fio de cabelo e com ele separo o dia da noite, fazendo assim uma escolha e contemplando a divisão...a diferença.

Lavando minha pele muito forte, minhas mãos tremem e sinto a indisposição que as mesmas demonstram. Procuro palavras, mas elas escapam, pelas mesmas mãos cansadas e que já viram tantos verões nascerem e morrerem.
A serpente que vecerá eu não sei, apenas sei que uma delas sairá se banhando no sangue da outra.
A luta na arena madrilenha apenas busca a certeza de ser daquilo, a morte, sangue, fim.
A noite se divide com o dia, nunca se encontram totalmente. Pares, irmãs de sua mesma sorte - o não encontro.
Abrirei as comportas de meu corpo, e as lágrimas que há tanto tempo vem precipitando no alto da colina escorrerão pela vastidão das planícies e inundarão os veios de meu mundo.

Idéias, medos, caos

Desembarque

sábado, fevereiro 05, 2005

odediência ao impulso cego

Embarque


"Tive que me atirar à correnteza, sabendo que provavelmente iria afundar. A grande maioria dos artistas está se atirando com salva-vidas ao pescoço, e quase sempre é o salva-vidas que os faz afundar. Ninguém que se entregue voluntariamente à experiencia pode se afogar no oceano da realidade. O pouco progresso que exista na vida não é fruto da adaptação mas da ousadia, da odediência ao impulso cego. "Nenhuma ousadia é fatal", disse René Crevel, uma frase que nunca hei de esquecer. Toda lógica do universo está contida na ousadia, isto é, na criação a partir do ponto de apoio mais inconsistente e reduzido. No início, essa ousadia é confundida com a vontade, mas com o tempo a vontade esmorece e o processo automático assume o seu lugar, e este, por sua vez, tem que ser interrompido ou abandonado para que se instaure uma nova certeza alheia ao conhecimento, à habilidade, à tecnica ou à fé. Pela ousadia chega-se a essa misteriosa posição X do artista, e é esse porto seguro que ninguém consegue exprimir com palavras, que no entato perdura e destila cada linha que se escreve."

"No seu espantoso estado atual, o homem parece ter uma atitude, a fuga `a temores, mas, o que é pior, teme os seus temores. Tudo parece infinitamente pior do que é, diz Howe, "só porque estamos tentando fugir". Esse é o verdadeiro paraíso da neurose, uma cola feita de medo e ansiedade, à qual, a não ser que queiramos nos salvar, poderemos ficar presos para sempre. Imaginar que seremos salvos por intervenção externa, quer sob a forma de um analista, um ditador, um salvador, ou mesmo Deus, é pura insensatez. Não existem barcos salva-vidas suficientes para todos, e, de qualquer forma, conforme aponta o autor, precisamos de muito mais de faróis do que de salva-vidas. De uma ampla visão e mais clara - e não de aparelhos de segurança!"

"O Homúnculo tem muito medo de ser soterrado, mas o Grande Homem espera sê-lo; o Homúnculo recusa-se a engolir um tantinho de sua experiência, encarando-a como má, mas o Grande Homem a ingere todo dia, mantendo a casa aberta para o inimigo entrar; o Homúnculo fica aterrorizado de que possa passar da luz para a escuridão, do visível para o invisível, mas o Grande Homem percebe que é apenas o sono ou a morte e qualquer dos dois é a própria prática de sua recreação; o Homúnculo depende dos "artifícios" ou do golfe para o seu bem-estar, procurando médicos ou outros salvadores, mas o Grande Homem sabe pelo processo profundo de suas convicções íntimas que a verdade é paradoxal e que ele está mais seguro quando menos defendido...A guerra da vida é uma coisa; a guerra do homem é outra, sendo a guerra pela guerra, a guerra contra a guerra, numa regressão infinita de argumentos ofensivos e defensivos."

Todos trechos extraídos de "a sabedoria do coração" de Henry Miller

...

Caminhar por estes dia tem sido uma prova alteração da minha percepção e um certo movimento de volta à meu próprio ser. Cada passo que dou recheia-se de dor, sangra e escorre rasgando mais e mais minha doce carne, mas tirar proveito disso faz a vida ser talhada e fazer algum sentido.
Buscar o sentido da vida, e buscar a dor. Sentir a necessidade de batalhar é se entregar a uma vida mais dolorosa e tanto mais gratificante e contempladora.
Estes dias tem sido de dor, lágrimas, auto-reconhecimento, abraços e luz.
Continuarei a destilar meu doce gosto pela vida, e assim a temperar a paisagem citadina com minha presença, mesmo que sufoque certas expectativas e caia de joelhos pedindo clemência. Sofrer e caminhar, obedecer ao meu instinto...a aquela voz que pulsa no fundo de meu ser, ela que direciona algumas de minhas atitudes e que todos os dias constroe os princípios do que sou, e do que hei de ser.
Vencer é perder...
ah...o senhor Miller tem me ajudado muito, a ti agradeco grande Senhor.

Desembarque

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

vida X morte

Embarque


"...Deve salvar o homem do medo da morte, para que seja capaz de morrer!
Avançar para a morte! Não recuar para o útero. Sair das areias movediças do fluxo estagnado! Este é o inverno da vida, e o nosso drama é nos firmar para que a vida possa novamente prosseguir. Mas essa firmeza só pode ser conquistada pisando sobre os cadáveres daqueles que estão dispostos a morrer."
"A arte de viver baseia-se no ritmo, no dar e receber, no fluxo e no refluxo, na luz e treva, na vida e morte. Pela aceitação de todos os aspectos da vida, bons e maus, certos e errados, seus e meus, a vida estática e defensiva, a que a maioria das pessoas pessoas está condenada, converte-se numa dança, "a dança da vida"... A funça real da dança é a metamorfose. Pode-se dançar de tristeza e de alegria, pode-se mesmo dançar abstratamente... Mas a questão é que pelo simples ato de dançar se transformam; a dança em si mesma, exatamente como a vida. A aceitação situação, qualquer situação, desencadeia um fluxo, um impluso ritmico para a auto-expressão. Descontrair-se, naturalmente, é a primeira coisa que um dançarino tem que aprender. É também a primeira coisas que um paciente ten que aprender quandose defronta com o analista. É a primeira coisa que qualquer um tem que aprender para viver. É extremamente difícil, porque significa rendição, incondicional. Todo argumento de Howe baseia-se nessa idéia simples, porém revolucionária, da incondicional e inequívoca rendição. É a perspectiva religiosa da vida: a aceitação positiva da dor, do sofrimento, da derrota, do infortúnio e assim por diante. É o caminho curvo, que afinal sempre provou ser o caminho mais curto. Significa a assimilação da experiençia, a realização através da obediência e da disciplina: a curvatura do tempo através do crescimento natural ao invés do atalho rápido e desastroso. Esse é o caminho da sabedoria, e o que deve ser eventualmente trilhado, porque todos os outros só levam a ele."

Todos os trechos por Henry Miller em " A sabedoria do coração"

Desembarque

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

último suspiro

Embarque


"Eu amo o jeito que você me ama, mas odeio o jeito que eu te amo"


"É a solução de quem não quer perder aquilo que já tem e fecha a mão pro que há de vir"


"Eu sou uma ilha"


Desembarque

terça-feira, fevereiro 01, 2005

retorno

Embarque


Voltarei ao começo de tudo, ao que era. A raiz de meu ser. O gozo
Sou eu que transporta das distantes planícies o rude músculo que transporta a todos ao paraíso e ao inferno
Sou que fantasio a desgraça afim de dar prazer neste vida imunda
Sou que te levo ao infinito de meu falo, a fazer gozar como uma cadela no cio.
A procura de mais espaço eu vou. Derrubando edifícios de falacidade e mentiras.
Pois é sou, aquele que ali nú se vestiu e antes mostrou-lhe o cajado da vida.
Aqui sou eu, ereto, rijo, suado a pulsar por mais.
Tenho uma rocha, que de tão lapidada faz pulsar meu coração
Tenho um graveto que de tão rústico, nos faz caminhar por eras e mais eras a procura de gozo por mais gozo.
Vi criaturas assexuadas regorjizarem tristeza e oxigênio, sem olharem para vastidão de seus corpos
E sou eu, realmente nú, que mostrarei a todos a ineficiencia desta vida ingrata.
E vou caminhar afim de chupar e beber do néctar dos deuses que pulsa do forno úterino.
Pulsarei, estocarei, cantarei a canção da vida. Do vencidos em campos de batalhas aos mortos em esquinas molhadas de ruas mal asfaltas de cidades quaisquer, a respirar a sujeira saída de motores em brasa e cus.
Fugirei da inadimplencia vivída, lutarei pelo prazer, acima de tudo o prazer, estocando no fim meu pinto, afim de fazer nascer homens e mulheres e que os mesmos sejam como eu. Vencedores, perdedores, lutadores...que vivam a vida mais suja e dispendiosa, que lutem, sofram, chorem os amores não vivídos. Que respirem da sujeira da fraqueza e traçam planos a não proporcionarem fraquezas a si e aos entes.
Sou eu!
Eu que te faço amar e odiar, e a querer me matar.
Eu que sumo e apareço num piscar de olhos
Eu!
Eu que sou o máximo da criação humana, e que de deuses a diabos, de enfermos a saudáveis, caminharei sobre o pó de nossos corpos.
Eu grito, faço questão, choro e gozo
Gozo e trago a infelicidade de minha companhia aos Estados.
Ao caralho e e pelos caralhos...Vivamos como a última vez.


Desembarque... apague a luz ao sair e acenda uma vela.

texto antigo

sexta-feira, 11 de junho de 2004
Embarque


Suplência


Essas são apenas poucas linhas esboçadas numa tarde em uma praça de alimentação de um shopping qualquer, cansaço da vida e de estar naquele lugar.
Terça –feira à tarde enquanto o suor frio escorria pelas minhas costas, como no imundo córrego que desce e deságua num outro que vai a outro e assim por diante, sentia o sol frio chegar a meus olhos, mas não tinha equivalência com o que ele representava. De pastéis a sucos corria meus olhos pelo longo caminho que teria de ser trilhado.
Ardência nos olhos e minhas pernas destruídas pela batalha da distancia. Naqueles dias não estava necessariamente triste, mas sentia um tal aperto. Daquele que vai da garganta ao estômago. Devia ser a eterna espera, ou o horizonte de situações do passado que se esboçaram no hoje. Mas tocamos o barco, a fé é inabalável, mesmo com as propostas sem face e nem arranjo certo, dá impressão de palavras soltas no ar? Não. Eu vejo o andamento.
Nem mais ao lápis conseguia segurar naquela praça de alimentação.
E aquele homem me olhava e mastigava sem mesmo perceber o que comia, e não só ele fazia isso. Por dia irão se mastigar, rasgando cada pedaço de seus corpos. Não se observam, mesmo comendo parecem maquinas, introjetam isso e vão embora, todos. Sem excessão alguma, todos.
E eu ali, que tanto sinto as minhas dores, fico a descrever numa folha de papel os tipos que pasmam nessa cidade. Com o banco desconfortável, luto contra ele e o sono some, e o corpo dói, meu cansaço é muito maior.
A vida pra todos resume-se a sentirem que tudo é preliminar a morte, sendo todos sugados pro vortex negro, esboçam sorrisos amarelos como pêssegos recém colhidos.
São quadrículas e se movem como tais. Se amoldam dificilmente e não são curvilíneos. Retos e todos sem graça.
Se colocam no mosaico cartesiano de mensurabilidade, Isso é a vida de todos.
Morram, são como o teto. Quadrículas suspensas sem cores, nem atrativos.
Quero o amor, não como uma quadrícula dessas, mas algo como um monte que é esculpido dolorosamente pela ação da erosão. Que desce violentamente arranhando e mordendo a terra, movendo-a a outro lugar.

Titularidade

Desembarque